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    Provável primeira mulher presidente de Honduras promete “socialismo democrático”

    Com ampla vantagem, a candidata de esquerda Xiomara Castro declarou vitória

    Zeinab Bazzida CNN*

    A líder da oposição hondurenha, Xiomara Castro, declarou vitória na eleição presidencial de domingo (28), com os resultados iniciais apontando para uma vitória esmagadora que colocaria a esquerda de volta ao poder pela primeira vez desde que seu marido foi deposto por um golpe de Estado há 12 anos.

    A eleição, que dá a Honduras sua primeira mulher presidente, pareceu ter transcorrido tranquilamente, contrastando com quatro anos atrás, quando um desfecho apertado levou à contestação do resultado e a protestos fatais devido a alegações generalizadas de irregularidades.

    “A vitória da Xiomara representa a volta do populismo, e agora um populismo que tem uma nuance de esquerda. Representa, talvez, uma reaproximação com a Venezuela, embora ela prometa trazer, criar, uma entidade da ONU dentro de Honduras para investigar corrupção”, explica o analista de Internacional da CNN Brasil, Lourival Sant’Anna.

    Com metade dos votos contados, Castro, esposa do ex-presidente Manuel Zelaya, tem quase 20 pontos de vantagem sobre Nasry Asfura, o prefeito da capital e candidato do Partido Nacional — ela conquistou 53% de apoio, contra os 34% dele, de acordo com uma contagem preliminar.

    Comemorações aconteceram na sede de campanha de Xiomara à medida que a contagem de votos avançava e sua dianteira se mantinha. A sede do Partido Nacional conservador de Asfura estava vazia.

    Autoproclamada socialista democrática em um país no qual as mulheres ocupam poucos cargos públicos, Xiomara conquistou o apoio de uma parcela ampla de hondurenhos cansados da corrupção e da concentração de poder que aumentaram sob o comando do Partido Nacional.

    A eleição deste ano ocorreu em um cenário de escândalos de corrupção e agitação social no país centro-americano alimentado por uma economia em crise e violência de gangues que fizeram com que um número recorde de migrantes desistisse de sua terra natal.

    “Vamos formar um governo de reconciliação, um governo de paz e justiça”, disse Castro.

    Ela também prometeu fortalecer a democracia direta por meio da realização de referendos — uma ferramenta que tem sido repetidamente empregada pelo presidente esquerdista do México, Andres Manuel Lopez Obrador.

    Os críticos a retrataram como uma perigosa radical de esquerda, mas os líderes empresariais rapidamente deram seus parabéns.

    “O setor privado está empenhado em fazer tudo que for necessário para que sua administração seja um exemplo de transformação”, escreveu Eduardo Facusse, líder da câmara de comércio do país, em uma postagem no Twitter na noite de domingo.

    Castro, que havia concorrido duas vezes à presidência, aproveitou a impopularidade do presidente cessante Juan Orlando Hernandez, que mudou a constituição para permitir sua disputada reeleição em 2017 e mais tarde foi implicado em um caso de tráfico de drogas em um tribunal federal dos EUA.

    Hernandez negou repetidamente qualquer irregularidade, mas o candidato de seu partido, Asfura, fez questão de manter distância do presidente durante a campanha eleitoral.

    Asfura pediu aos eleitores que mostrassem paciência em uma postagem nas redes sociais na noite de domingo, mas não chegou a conceder a vitória.

    O destino do Congresso de Honduras, de 128 membros, também permaneceu em aberto, sem resultados preliminares publicados pelo conselho eleitoral. Se o Partido Nacional conseguir manter o controle, isso pode complicar a vida do governo de Castro.

    * Com informações da Reuters

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