Protestos no Paraguai contestam gestão da pandemia e pedem saída do presidente
Noite de confrontos com a polícia foi marcada por fogo, fumaça e tiros; na sexta, o ministro da Saúde deixou o cargo


Manifestantes entraram em conflito com a polícia na capital do Paraguai, Assunção, na noite de sexta-feira (5), após a irritação pela maneira como o governo está lidando com a pandemia chegar às ruas e forçar a renúncia da principal autoridade sanitária do país.
A noite de confrontos com a polícia deixou ao menos 21 feridos. Na sexta-feira, o ministro da Saúde, Julio Mazzoleni, renunciou. Entre as reivindicações, os manifestantes pedem também a renúncia do presidente, Mario Abdo Benítez.
Durante as manifestações, forças de segurança atiraram balas de borracha e gás lacrimogêneo contra a multidão de centenas reunida em torno do prédio do Congresso. Manifestantes furaram barreiras de segurança, queimaram barricadas nas ruas e atiraram pedras na polícia.
Os protestos, que transformaram o centro histórico da capital em um campo de batalha com fogo, fumaça e tiros, eclodiram em meio à crescente revolta pelas taxas de infecções recordes por coronavírus no país e hospitais à beira do colapso.
“É uma pena que os jovens tenham ido longe demais. São pessoas que buscam apenas a destruição”, afirmou o ministro do Interior, Arnaldo Giuzzio, à emissora de televisão Telefuturo. “Esta violência não faz sentido”.
Poucas vacinas e saída do ministro
Na noite da sexta-feira, o ministro da Saúde, Julio Mazzoleni, renunciou, após a pressão dos protestos e um dia depois de legisladores pedirem sua demissão.
Mazzoleni é o mais recente de vários funcionários de saúde de toda a América Latina que foram forçados a deixar seus empregos nas últimas semanas, em meio à crescente raiva sobre o manejo da pandemia e a lenta implementação de vacinas.
Até agora, o Paraguai só vacinou 0,1% da população e o número de casos tem crescido nas últimas semanas. Pela manhã, Marito, como é conhecido o presidente paraguaio, pediu que todo o gabinete de ministros ponha o cargo à disposição.
Mazzoleni inicialmente repreendeu a declaração não vinculativa do Senado pedindo-lhe para sair, mas horas depois cedeu após uma reunião com o presidente Mario Abdo. Abdo nomeou o Dr. Julio Borba, vice-ministro, para ocupar o lugar de Mazzoleni. Borba disse aos repórteres que começaria a rastrear remédios e suprimentos imediatamente.
*Com Reuters