Professor: Blinken vê em González a sobrevivência da oposição na Venezuela
Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, destaca importância de González para sobrevivência da oposição na Venezuela, segundo especialista
O professor de Relações Internacionais da ESPM, Leonardo Trevisan, analisou em entrevista à CNN Brasil a situação política na Venezuela após a saída do líder opositor Edmundo González para a Espanha.
Segundo Trevisan, a saída de González para o exílio na Espanha “acalma a situação” e “baixa a tensão” no país, criando um “fato consumado de que a oposição perdeu seu principal representante”. O especialista ressaltou que, embora González tenha sido eleito e reconhecido por organismos internacionais, Nicolás Maduro continua no poder de fato.
Pressão diplomática e interesses econômicos
O professor destacou o papel da União Europeia na negociação para a saída de González, demonstrando uma atuação diplomática coordenada. Trevisan também apontou que interesses econômicos, especialmente relacionados ao petróleo, influenciam as relações internacionais com a Venezuela.
“A Chevron, na quarta-feira, fez um comunicado pedindo ao governo Biden cautela com a Venezuela, porque as refinarias de petróleo do Golfo do México, que usam petróleo pesado, precisam dos 600 mil barris de petróleo da Venezuela”, explicou o especialista.
Papel do Brasil e posicionamento dos EUA
Trevisan mencionou que o Brasil continua protegendo a embaixada da Argentina na Venezuela, o que pode ajudar a oposição venezuelana a “não sofrer muita repressão do governo Maduro”.
Quanto ao posicionamento dos Estados Unidos, o professor interpretou que o secretário de Estado, Antony Blinken, “está preocupado em garantir a integridade física dessa oposição. É por isso que ele coloca em torno da figura de Edmundo González uma espécie de sobrevivência dessa oposição”, afirmou Trevisan, ressaltando que há cerca de 2.400 presos políticos na Venezuela.
O especialista concluiu que a mensagem de Blinken a Maduro é clara: “os EUA estão dispostos a negociar sobre petróleo e outros benefícios, mas com a condição de que não haja excessos na repressão à oposição”.