Primeiro satélite espião da Coreia do Norte está “vivo” e funcional, diz especialista
Dados indicam que dispositivo tem propulsores, o que surpreendeu analistas
O primeiro satélite espião da Coreia do Norte está “vivo”, disse um especialista espacial da Holanda na terça-feira (27), depois de detectar mudanças em sua órbita que sugerem que Pyongyang estava controlando a espaçonave com sucesso, embora suas capacidades permaneçam desconhecidas.
Depois de dois fracassos, a Coreia do Norte colocou com sucesso o satélite Malligyong-1 em órbita em novembro do ano passado.
A imprensa estatal norte-coreana disse que ele fotografou locais militares e políticos sensíveis na Coreia do Sul, nos Estados Unidos e em outros lugares, mas não divulgou imagens. Rastreadores de rádio independentes não detectaram sinais do satélite.
“Mas agora podemos dizer definitivamente que o satélite está vivo”, escreveu Marco Langbroek, especialista em satélites da Universidade de Tecnologia de Delft, na Holanda, em um comunicado.
De 19 a 24 de fevereiro, o satélite realizou manobras para elevar seu perigeu, ou o ponto mais baixo de sua órbita, de 488 km para 497 km, ressaltou Langbroek, citando dados do Centro de Operações Espaciais Combinadas, liderado pelos Estados Unidos.
“A manobra prova que o Malligyong-1 não está morto e que a Coreia do Norte tem controle sobre o satélite – algo que era contestado”, explicou.
O Ministério da Defesa da Coreia do Sul pontuou que também havia avaliado que o satélite estava em órbita, mas que não comentaria mais sobre análises individuais.
Na segunda-feira (26), o ministro da Defesa, Shin Won-sik, declarou que o satélite não estava mostrando sinal de estar realizando outras tarefas ou de estar fazendo reconhecimento.
“Embora atualmente não possamos ter certeza se o satélite está captando imagens com sucesso, ele pelo menos realiza manobras orbitais, portanto, nesse sentido, é funcional”, escreveu Langbroek sobre os comentários de Shin.
A manobra de elevação da órbita foi uma surpresa, pois a presença de um sistema de propulsão a bordo era inesperada e os satélites norte-coreanos anteriores nunca fizeram manobras, destacou o especialista.
“Ter a capacidade de elevar a órbita do satélite é um grande negócio”, afirmou Langbroek.
Isso significa que, enquanto houver combustível no satélite, a Coreia do Norte poderá prolongar a vida útil do dispositivo elevando sua altitude quando ele ficar muito baixo devido ao declínio da órbita, concluiu.
A Coreia do Norte, que possui armas nucleares, prometeu lançar mais três satélites espiões em 2024.