Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    Primeiro-ministro da Austrália gera crise ao não confirmar presença na COP 26

    Resistência em tratar sobre as ações do país, que já encara desafios provenientes das mudanças climáticas, piora a imagem da Austrália internacionalmente

    Helen ReganAngela Dewanda CNN

    O primeiro-ministro australiano Scott Morrison disse, nesta segunda-feira (27), que poderia não comparecer às negociações climáticas da COP 26 em Glasgow em novembro deste ano.

    Com isso, seu governo se torna cada vez mais isolado nos esforços internacionais sobre a crise.

    Mais de 100 líderes mundiais, incluindo o presidente americano Joe Biden, confirmaram sua presença nas conversas promovidas pelo Reino Unido, um aliado próximo da Austrália.

    Os líderes do G20, grupo que inclui a Austrália, se reunirão em Roma um dia antes das discussões sobre o clima.

    Embora ainda não esteja confirmado se Morrison estará nessa cúpula, é provável que muitos líderes do G20 tomem o curto voo da capital italiana para a COP26 na Escócia.

    “Ainda não tomamos nenhuma decisão final sobre (participar da COP26). Quer dizer, é outra viagem ao exterior e eu estive em várias este ano e passei muito tempo em quarentena”, disse Morrison ao jornal da Austrália Ocidental.

    Morrison disse que precisava se concentrar na reabertura do país após um prolongado lockdown. Seu governo pretende flexibilizar as restrições fronteiriças de linha dura em dezembro.

    “A Austrália estará se abrindo por volta dessa época, haverá muitas questões a serem administradas e eu tenho que administrar essas exigências que competem entre si”, disse ele.

    O primeiro-ministro fez seus comentários com a Austrália sob pressão de aliados, incluindo os Estados Unidos, para anunciar promessas mais ambiciosas sobre a crise climática.

    O país é o segundo maior exportador de carvão do mundo e o governo Morrison disse que continuará a explorar, exportar e utilizar o combustível fóssil muito além de 2030.

    Líderes como o presidente da COP26, Alok Sharma, e o secretário-geral da ONU, António Guterres, pediram para que o mundo desenvolvido acabe com o uso do carvão até o final desta década.

    O gabinete do primeiro-ministro não respondeu às perguntas da CNN sobre os planos do Primeiro Ministro para a COP26.

    “Estou reunindo o governo e espero que também o país para onde queremos ir, e estamos trabalhando pelos nossos compromissos, estamos trabalhando pelos nossos planos… um plano dá às pessoas certeza sobre a grande mudança que ocorrerá nos próximos 20-30 anos”, disse Morrison a um jornal.

    O governo australiano tem prometido um novo plano de emissões a longo prazo antes das conversações durante meses.

    Morrison não fez nenhum anúncio sobre nenhum novo plano na sexta-feira, quando se dirigiu à Assembleia-Geral da ONU em Nova York, em um vídeo pré-gravado. Ele disse que o plano do país se concentrará em “tecnologia, e não em impostos”.

    A Austrália é um dos poucos países que não aumentaram sua meta de reduzir as emissões de gases de efeito estufa ao registrar sua atualização oficial sobre seus planos climáticos para a ONU no ano passado.

    O país enviou sua atualização em 31 de dezembro com pouco destaque, mantendo sua meta de redução de 26-28% nas emissões de gases de efeito estufa até 2030, em relação aos níveis de 2005.

    O Conselho Climático Australiano, que é independente do governo, sugeriu que o país reduza as emissões em 75% até 2030, em comparação aos níveis de 2005, para fazer sua parte na contenção do aquecimento global para 1,5 graus.

    Mais de 190 países assinaram o Acordo de Paris em 2015, no qual se comprometeram a tentar conter o aquecimento global até 2 graus, mas de preferência 1,5 graus, acima dos níveis pré-industriais para evitar os impactos mais catastróficos da crise climática.

    A meta da Austrália está bem abaixo daquelas feitas pelos Estados Unidos, União Europeia e Reino Unido, entre outras nações desenvolvidas.

    Pressão crescente na Austrália

    Em uma entrevista à rádio ABC da Austrália na segunda-feira, a ministra australiana das Relações Exteriores Marise Payne confirmou que “não foi tomada nenhuma decisão final” sobre a presença de Morisson.

    A ministra disse que a Austrália “estará fortemente representada” na COP 26 “não importando qual representante sênior australiano esteja presente”.

    “Uma coisa com a qual estamos absolutamente comprometidos, como dissemos, é estabelecer nosso plano de redução de emissões a longo prazo antes da COP e é nisso que estamos focados como governo”, disse Payne.

    A Austrália está se tornando cada vez mais isolada no cenário mundial por causa de suas falhas climáticas.

    As autoridades americanas pressionaram os ministros australianos sobre o histórico climático de seu país em uma recente reunião de defesa em Washington, mencionando a “urgência” da “crise climática” em um comunicado que Morrison assinou.

    Membros do Parlamento da UE disseram à CNN nas últimas semanas que a Austrália tem um dos piores recordes climáticos de todas as nações desenvolvidas.

    Alguns expressaram incredulidade quando surgiu que os negociadores australianos haviam pressionado o Reino Unido a abandonar os compromissos-chave relacionados ao clima em seu acordo comercial bilateral.

    E os comentários do ministro de recursos australiano Keith Pitt, que classificou a ONU como um “órgão estrangeiro” que deveria ficar fora dos assuntos australianos, só pioraram a imagem do país como um jogador não cooperante na ação climática.

    A COP 26 chega em um momento crucial para os esforços do mundo em relação à crise climática.

    Um relatório publicado pela ONU em agosto mostrou que o mundo está aquecendo mais rápido do que os cientistas pensavam anteriormente, e que a redução das emissões de gases de efeito estufa pelo menos pela metade ainda nesta década é crucial para evitar os impactos mais catastróficos da mudança climática.

    A Austrália já enfrenta extremos de calor, assim como níveis do mar mais altos do que a média global por causa da crise.

    O calor, a elevação do nível do mar e a seca estão projetados para aumentar na Austrália quanto mais a Terra aquecer, segundo o relatório.

    Tópicos