Presos após eleição na Venezuela têm pedidos de defesa negados, diz ONG de direitos humanos
Gonzalo Himiob, vice-presidente da Foro Penal, avalia que país vive repressão "nunca vista antes" após pleito que reelegeu Nicolás Maduro
Gonzalo Himiob, vice-presidente da ONG Foro Penal, disse a Fernando del Rincón, da CNN, que a Venezuela está sofrendo uma repressão que “nunca foi vista antes”, pois há uma grave escalada nas detenções arbitrárias.
“[É uma] escalada repressiva que nunca foi vista no país, não desta forma. Vemos perseguição contra pessoas que se manifestam pacificamente, mas também contra pessoas que nem sequer se manifestaram”, disse Himiob à CNN.
Himiob acrescentou que das mais de 1.000 detenções confirmadas há pelo menos 100 adolescentes e várias pessoas com deficiência e em situação de vulnerabilidade.
“Isso já aconteceu antes, mas a verdade é que o direito à defesa, de escolher uma pessoa para defendê-lo, é completamente violado. De 29 de julho até hoje [aos detidos] foi negado o contato com suas famílias ou mesmo a possibilidade de decidir sua defesa, um defensor público é imposto a eles”, disse Himiob.
Afirmou ainda que as audiências decorrem em centros de detenção, aos quais ninguém tem acesso e os juízes nem sequer comparecem pessoalmente, o que limita o devido acompanhamento dos casos.
Além disso, o diretor do Foro Penal denunciou que o Ministério Público os acusa de crimes graves, como o terrorismo, sem sequer iniciar uma investigação.
Na segunda-feira, o Foro Penal informou que pelo menos 1.010 pessoas foram presas na Venezuela, 91 delas menores.
A organização registrou prisões em todos os 23 estados do país. Caracas e os estados de Carabobo e Anzoátegui são onde foi registrado o maior número de prisões, segundo o Foro Penal.
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse nesta terça-feira que 2.229 pessoas que participaram nos protestos pós-eleitorais no país desde 29 de julho foram presas até agora.
Maduro insistiu que os detidos, que descreveu como “terroristas”, afetam a Venezuela e são incitados pelo principal candidato da oposição, Edmundo González, e pela líder da oposição María Corina Machado.
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