Presidente do Peru rejeita pedido de militares para desconsiderar eleição
Candidato socialista Pedro Castillo venceu o segundo turno das eleições em 6 de junho por uma margem estreita sobre a candidata de direita Keiko Fujimori
O presidente interino do Peru, Francisco Sagasti, rejeitou nesta sexta-feira (18) um pedido de militares da reserva às Forças Armadas para desconsiderar o resultado da recente eleição, alegando supostas irregularidades, e anunciou uma investigação sobre o que poderia ser “conduta prejudicial” ao Estado de Direito.
O candidato socialista Pedro Castillo venceu o segundo turno das eleições presidenciais em 6 de junho por uma margem estreita sobre a candidata de direita Keiko Fujimori, de acordo com a contagem de votos do órgão eleitoral.
O vencedor oficial ainda não foi anunciado porque o partido de Keiko, filha mais velha do ex-presidente preso Alberto Fujimori, fez uma série de denúncias de fraude com poucas provas e tentou anular votos, atrasando a divulgação do resultado.
Sagasti, em mensagem ao país transmitida pela televisão, disse que na quinta-feira uma carta com “uma lista de nomes” de militares reformados chegou ao quartel-general das Forças Armadas, solicitando que agissem contra a Constituição, sugerindo que o governo teria violado a neutralidade das eleições presidenciais polarizadas.
“É inaceitável que um grupo de reformados das Forças Armadas pretenda incitar os comandos de Exército, Marinha e da Força Aérea para violar o Estado de direito”, disse Sagasti, acompanhada de sua primeira-ministra e a ministra de Defesa no Palácio do Governo.
Castillo, de 51 anos, obteve 50,125% dos votos no segundo turno eleitoral, com uma diferença de 44.058 votos sobre Keiko Fujimori, que busca –segundo seus advogados– anular cerca de 250 mil votos, em sua maioria nas áreas rurais pobres.
A maior parte dos pedidos de anulação foi apresentada fora do prazo estabelecido, de acordo com o júri eleitoral, mas Keiko Fujimori alega que não é verdade e entrou com recurso.
O partido de Castillo rejeita as acusações de fraude e observadores internacionais do processo em Lima afirmaram que as eleições foram transparentes.