Presidente de Taiwan visita EUA em busca de solidariedade democrática
Tsai Ing-wen será recebida, nesta quarta-feira, pelo presidente da Câmara, Kevin McCarthy. China já deu sinais evidentes de contrariedade com o encontro
A presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, será recebida nesta quarta-feira (5) pelo presidente da Câmara dos Representantes (equivalente à Câmara dos Deputados) dos Estados Unidos, Kevin McCarthy. O encontro, que acontecerá na Califórnia, vem sendo aguardado com grande expectativa como um movimento de solidariedade democrática e também como um desafio às ameaças da China.
Tsai se reunirá com McCarthy e um grupo bipartidário de legisladores americanos na Biblioteca Presidencial Ronald Reagan, em Simi Valley, na Califórnia, disse o gabinete de McCarthy em comunicado à imprensa no início desta semana.
A reunião histórica é a segunda vez que Tsai se encontrará com líder do Legislativo norte-americano no espaço de um ano, após uma visita da então presidente da Câmara, Nancy Pelosi, a Taiwan em agosto passado. Tsai também se tornará o primeiro presidente de Taiwan a se reunir com um presidente da Câmara dos EUA em solo americano.
Pequim lançou extensos exercícios militares em torno da ilha democrática e autônoma e suspendeu várias linhas de comunicação com Washington em resposta à visita de Pelosi – levantando preocupações sobre medidas agressivas e desestabilizadoras que podem ser tomadas em resposta à reunião de Tsai com McCarthy, embora esta reunião esteja ocorrendo nos EUA.
A delegação de Tsai realiza a parada à Califórnia após visitas oficiais aos aliados diplomáticos de Taiwan, Guatemala e Belize, integrando uma viagem de 10 dias para fortalecer as relações internacionais de Taipei em meio à crescente pressão de Pequim.
A Agência Central de Notícias oficial de Taiwan também informou no início desta semana que Tsai se encontraria com McCarthy enquanto estivesse na Califórnia, citando o gabinete presidencial da ilha.
Reação chinesa
O Consulado Geral da China em Los Angeles condenou o encontro antecipado com McCarthy como “não propício à paz, segurança e estabilidade regionais”, alertando que isso “minaria a base política” das relações China-EUA.
“Vamos acompanhar de perto o desenvolvimento da situação e salvaguardar resolutamente a soberania nacional e a integridade territorial”, disse o consulado em um comunicado na segunda-feira – uma das várias condenações de autoridades chinesas nas últimas semanas, conforme surgiram os relatórios da reunião.
O Partido Comunista da China reivindica Taiwan como parte de seu território, apesar de nunca tê-la controlado de fato, e prometeu tomar a ilha à força, se necessário.
Tsai adotou um tom desafiador ao iniciar sua turnê internacional no final do mês passado, dizendo aos repórteres que a “pressão externa” não impediria Taiwan de se conectar com o mundo e com democracias afins.
Na terça-feira, o Ministério das Relações Exteriores da ilha classificou as repetidas críticas chinesas sobre sua viagem de “cada vez mais absurdas e irracionais”.
“Taiwan não vai recuar, e amigos nos EUA que apóiam Taiwan e as relações Taiwan-EUA também não vão recuar. Os parceiros democratas só se tornarão mais unidos e terão trocas mais frequentes”, disse o comunicado.