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    Presença de tropas do Kosovo nas Malvinas causa mal-estar na América do Sul 

    Em reunião do conselho de segurança das Nações Unidas, Brasil e Equador criticaram medida e a classificaram como “provocação injustificada”; Sérvia também expressou preocupação com as manobras no Atlântico Sul

    Presença de tropas do Kosovo nas Malvinas ocupou parte da reunião do Conselho de Segurança da ONU
    Presença de tropas do Kosovo nas Malvinas ocupou parte da reunião do Conselho de Segurança da ONU UN Photo/Amanda Voisard

    Fábio Mendesda CNN

    Em uma reunião que discutia as relações entre Sérvia e Kosovo, um tema em tangente criou mal-estar entre os países da América do Sul e o Reino Unido: a presença de tropas kosovares no arquipélago das Malvinas. O assunto ocupou parte dos discursos de Brasil e Equador, além das falas do representante sérvio, no encontro do Conselho de Segurança das Nações Unidas, na última quinta-feira (27). Os países sul-americanos criticaram a “decisão unilateral”, chamando-a de “provocação injustificada”.

    Desde o ano passado, soldados de Kosovo têm participado de manobras militares nas Malvinas. Em novembro do ano passado, a Assembleia Kosovar aprovou o envio de um contingente das Forças de Segurança em uma operação de “apoio à paz” no arquipélago. Segundo o projeto de lei aprovado, a previsão é que as atividades ocorram no Atlântico Sul por três anos, com possibilidade de prorrogação.

    Na época, a Argentina se manifestou com veemência contra as atividades, alegando que elas tumultuavam o clima de paz reinante na região desde o final da Guerra das Malvinas, em 1982.

    Com a continuidade das manobras militares na região, o tema ganhou espaço durante a reunião bianual do Conselho de Segurança sobre a Missão de Administração Interina das Nações Unidas no Kosovo, que debate os esforços para a criação de uma paz duradoura entre este país e a Sérvia. O representante de Equador, Andrés Montalvo Sosa, afirmou que a presença de tropas do Kosovo na América do Sul constitui “provocação injustificada”. Ele também lembrou que a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) já havia rejeitado essas manobras na região.

    O representante brasileiro, diplomata Ronaldo Costa Filho, se mostrou preocupado com a presença das tropas do Kosovo nas Malvinas e reiterou seu apoio à soberania argentina sobre o território. Ele ainda se referiu ao Reino Unido, pedindo aos “países-membros” da ONU que “se abstenham de ações unilaterais”. Tanto Brasil quanto Equador e Sérvia ocupam atualmente cadeiras rotativas do Conselho de Segurança da ONU.

    O Ministério das Relações Exteriores da Argentina se posicionou sobre o assunto em informe oficial na quinta-feira. “As referências ao tema (…) cristalizam a preocupação da comunidade internacional e, em particular da nossa região, em relação a esta nova ação britânica unilateral”, diz a carta. “A esse respeito, o governo argentino expressou reiteradamente sua veemente rejeição ao destacamento das ‘Forças de Segurança do Kosovo’ nas Ilhas Malvinas.

    Tropas britânicas chegando às Ilhas Malvinas durante a Guerra de 1982 / Fox Photos/Getty Images

    Durante a reunião do Conselho de Segurança o ministro das Relações Exteriores da Sérvia, Ivica Dačić, também expressou sua “preocupação” com a presença de membros das chamadas “Forças de Segurança do Kosovo” atuando com militares do Reino Unido.

    Malvinas

    As Malvinas, atualmente sob controle do Reino Unido, são reivindicadas pela Argentina desde sua independência, no início do século 19, alegando que o arquipélago pertencia à antiga colônia espanhola do Vice-Reinado da Prata.

    No entanto, tropas do Império Britânico ocuparam as Ilhas no período e, desde então, a declaram como parte de seu território ultramarino. A Argentina tentou, por décadas, obter um acordo com o Reino Unido para ter as ilhas de volta. No entanto, em junho de 1982, a moribunda ditadura argentina resolveu ocupar militarmente as ilhas, em uma tentativa desesperada de recuperar a popularidade perdida devido ao desastre na condução da economia e às constantes violações de direitos humanos.

    De início, a incursão militar argentina teve sucesso, já que as ilhas tinham pouca presença militar dos britânicos. No entanto, a resposta do governo de Margareth Thatcher foi rápida e furiosa, resultando na expulsão dos invasores. O conflito durou 74 dias e resultou na morte de 650 argentinos e 255 britânicos, além de três civis.