Premiê da Holanda vai suceder Stoltenberg como chefe da Otan, diz imprensa
Mandato do norueguês terminará em 1º de outubro, 10 anos depois de assumir o cargo em 2014
O primeiro-ministro da Holanda, Mark Rutte, um firme aliado de Kiev e crítico do presidente russo, Vladimir Putin, será o sucessor de Jens Stoltenberg como chefe da Otan, segundo reportagem da emissora nacional holandesa NOS desta terça-feira (18).
Hungria e Eslováquia já declararam apoio ao premiê holandês.
Stoltenberg não confirmou ou negou a informação da reportagem em uma entrevista coletiva ao lado do secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, em Washington.
“Com o anúncio do primeiro-ministro (húngaro, Viktor) Orbán, eu acho que é óbvio que estamos muito próximos de uma conclusão para escolher o próximo secretário-geral e acho que isso é uma boa notícia”, afirmou o chefe norueguês a repórteres.
“Eu acho que Mark é um candidato muito forte. Ele tem muita experiência como primeiro-ministro. É um colega e amigo próximo e, portanto, eu acredito que, muito em breve, a aliança terá decidido sobre meu sucessor”, disse o atual chefe da aliança.
“E isso será bom para todos nós, para a Otan e também para mim”, acrescentou.
O próximo secretário-geral da Otan enfrentará o desafio de manter o apoio dos aliados à luta da Ucrânia contra a invasão da Rússia, e, ao mesmo tempo, evitar qualquer escalada que possa levar a aliança militar a uma guerra direta com Moscou.
Nos dois anos que decorreram desde que a Rússia lançou a sua invasão em grande escala, o primeiro-ministro holandês tem sido uma das principais forças do apoio militar da Europa à Ucrânia.
Rutte sublinhou repetidamente o que disse ser a necessidade absoluta de uma derrota russa no campo de batalha para garantir a paz no continente.
Sob a sua recente liderança, a Holanda aumentou as despesas com a defesa para além do limiar de 2% do PIB exigido aos membros da Otan, fornecendo caças F-16, artilharia, drones e munições ao governo ucraniano, bem como investindo fortemente nas suas próprias Forças Armadas.
O apoio de Rutte à Ucrânia é sublinhado pelas suas críticas à Rússia e Putin, uma vez que a Holanda responsabiliza o governo russo pela derrubada do jato civil do voo MH17 sobre o leste da Ucrânia, em julho de 2014, que matou todos os 298 passageiros e tripulantes, 196 dos quais eram holandeses.
Horas antes, Hungria e Eslováquia deram seu apoio à candidatura do primeiro-ministro holandês, superando um obstáculo fundamental em seu caminho ao principal cargo da Otan.
A Otan toma decisões por consenso, então qualquer candidato precisa do apoio de todos os 32 aliados. Apenas a Romênia, cujo presidente Klaus Iohannis também quer o cargo, ainda é oficialmente contra a candidatura de Rutte.
O apoio da Hungria se deu após uma reunião entre Orbán e Stoltenberg na semana passada, na qual os dois lados concordaram que a Hungria não bloqueará decisões da Otan para enviar apoio à Ucrânia, mas que também não estará envolvida.
Primeiro-ministro da Hungria abandona oposição
“O PM (primeiro-ministro) Mark Rutte confirmou que apoia totalmente este acordo e continuará a fazê-lo se se tornar o próximo secretário-geral da Otan”, escreveu Orbán, no X.
“Diante dessa promessa, a Hungria está pronta para apoiar a candidatura do PM Rutte para secretário-geral da Otan”, acrescentou.
Orbán foi contra a candidatura de Rutte porque ele havia expressado opiniões “problemáticas” que incluíram a ideia de que a Hungria deveria sair da União Europeia.
Há atritos entre a Hungria e outros países da Otan porque o primeiro ministro húngaro continua cultivando relações próximas com a Rússia e se recusa a enviar armas à Ucrânia.
No mês passado, o ministro das Relações Exteriores de Budapeste rotulou planos de ajudar o país, devastado pela guerra, como uma “missão maluca”.
Turquia e Eslováquia também mudaram de direção sobre a candidatura de Rutte. A Turquia anunciou o apoio no fim de abril e a Eslováquia mais cedo nesta terça-feira (18).
O mandato de Stoltenberg terminará em 1º de outubro, 10 anos depois de assumir o cargo em 2014, apenas alguns meses depois da Rússia anexar a Crimeia.