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    Precisamos observar melhor o que aconteceu com a oposição para entender a reeleição de Erdogan, diz professor

    Em entrevista à CNN, Leonardo Trevisan avaliou que a oposição do país "imaginava que o governo de Erdogan havia chegado ao fim" com os diversos problemas econômicos e geopolíticos

    Carol Raciunasda CNN

    Em entrevista à CNN, o professor de Relações Internacionais da ESPM, Leonardo Trevisan, avaliou que, com todos os problemas no cenário político e econômico da Turquia, a oposição “imaginava que o governo de Erdogan havia chegado ao fim”. “A realidade foi um pouco diferente. Precisamos observar melhor o que aconteceu com a oposição”, afirmou.

    “A oposição pode ter cometido alguns erros. O primeiro deles talvez tenha sido o formato das alianças. Eles tinham duas lideranças bastante novas e eficientes que eram os dois prefeitos de Istambul e da capital Ancara, só que existia uma luta muito forte entre eles”, diz o professor.

    Neste domingo (28), o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, de 69 anos, foi reeleito para seu terceiro mandato da Turquia, após uma corrida eleitoral acirrada no segundo turno contra o líder da oposição, Kemal Kilicdaroglu.

    Com 52,14% dos votos, Erdogan venceu o pleito em meio a um cenário econômico e geopolítico delicado, e apenas alguns meses após o país ser atingido por um terremoto catastrófico, que resultou em mais de 5 mil mortes e exibiu falhas terríveis do governo.

     

     

    Segundo Tevisan, a composição da aliança da oposição visava, equivocadamente, mais espaço no parlamento. “Os resultados das eleições mostraram que essa perspectiva de ter espaço no parlamento era uma perspectiva que, no contexto eleitoral turco, favorecia Erdoan”, explica.

    Consequentemente, a oposição não percebeu a manobra eficiente do presidente reeleito, e fizeram exatamente aquilo que Erdoan queria.

    “Erdogan de 600 cadeiras no parlamento, ele conseguiu 326 cadeiras, maioria absoluta. Quando nós olhamos para esse quadro, vemos que a oposição fez uma aposta em um processo parlamentar de um regime que é muito autocrático”, afirma.

    O professor também ressalta que Edogan tinha o que apresentar a população, outro aspecto da sua manobra. “Ele mudou toda a ideia do terremoto e se apresentou para uma população vítima dele como o grande reconstrutor.”

    Outro aspecto importante que resultou na vitória de Erdogan foi o impacto da imprensa do país, diz. Para Trevisan, a “principal causa da derrota da oposição foi o silenciamento da mídia”.

    “A mídia turca como um todo preferia não enfrentar o poder de Erdogan. Esse é o resultado direto dessa confluência de fatores”, diz.

    Como funcionam as eleições na Turquia

    As eleições para presidente e para o Parlamento na Turquia acontecem simultaneamente a cada cinco anos.

    Os partidos podem indicar candidatos à Presidência se tiverem ultrapassado a marca de 5% dos votos nas últimas eleições parlamentares ou caso tenham 100 mil assinaturas apoiando uma nomeação.

    O candidato que tiver mais de 50% dos votos no primeiro turno será eleito. Se isso não ocorrer, há segundo turno entre os dois nomes mais bem votados.

    Já no caso do Parlamento, o país segue o sistema de representação proporcional, sendo que o número de assentos que um partido obtém — do total de 600 cadeiras — é diretamente proporcional aos votos que ganha.

    Entretanto, os partidos precisam conseguir pelo menos 7% dos votos — sozinhos ou em “aliança” — para poder colocar representantes no Congresso.

    *Sob supervisão de Jorge Fernando Rodrigues

    (Publicado por Luiza Palermo)

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