Posição da China sobre Ucrânia mudou cenário para Putin e Biden, diz professor
Biden e Putin concordaram em realizar cúpula sobre crise na Ucrânia após posicionamento da China em conferência no fim de semana
A possibilidade de um encontro entre os presidentes Joe Biden (Estados Unidos) e Vladimir Putin (Rússia) para tratar da tensão na Ucrânia surgiu após, no fim de semana, a China ter se posicionado sobre o tema, avaliou o professor de Relações Internacionais da ESPM, Leonardo Trevisan, à CNN nesta segunda-feira (21).
Após uma ligação com Putin, Emmanuel Macron sugeriu aos dois líderes uma cúpula sobre “segurança e estabilidade estratégica na Europa”. O chefe do Executivo da França irá ajudar a preparar o conteúdo das discussões.
“As coisas foram muito rápidas nesse fim de semana, e por que Macron resolveu trabalhar com o inimigo? No sábado, em Munique, quem falou pela primeira vez foi o ministro das Relações Exteriores da China”, avaliou Trevisan.
Wang Yi, por sua vez, afirmou que todas as partes envolvidas na crise na Ucrânia devem trabalhar para diminuir a tensão em vez de estimular a guerra.
O chanceler acrescentou que as preocupações da Rússia com segurança são legítimas ao mesmo tempo que pediu que a integridade territorial e a independência de todos os países sejam respeitadas.
“[A China] é outro jogador que está de alguma forma avisando que está observando com clareza: a Otan precisa entender que não dá pra avançar tanta sobre o Leste. E a soberania dos países deve ser respeitada na Ucrânia. Deu um puxão na orelha nos dois? Sim, e se apresentou como interlocutor”, acrescentou o professor.
Além disso, Leonardo Trevisan apontou que outro destaque da Conferência de Segurança de Munique, que trouxe mais perspectivas sobre a tensão, ajudou a colocar foco no apelo do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, sobre qual seria a nação mais fortemente prejudicada nesse ínterim.
“A Ucrânia que será um território de guerra, com todas perdas materiais e humanas. É preciso ter clareza que, desde que a pressão aumentou, o clima de risco gerou prejuízo de 3 bilhões de dólares. Zelensky pede que não podemos permitir que esse tom continue”, afirmou Trevisan, acrescentando que essa linha também foi seguida pela China e, agora, deve ser acompanhada ainda mais de perto.
*Com informações da Reuters e CNN