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    Por que alguns países africanos optaram por não interferir na crise na Ucrânia

    Em todo o continente, muitos parecem hesitantes em arriscar sua própria segurança, investimento estrangeiro e comércio apoiando um lado no conflito

    Stephanie Busarida CNN

    Certa vez perguntaram a Nelson Mandela por que ele ainda mantinha relacionamentos com, entre outros, Fidel Castro e Yasser Arafat, os líderes cubanos e palestinos que foram tachados de terroristas pelas potências ocidentais. O reverenciado estadista sul-africano respondeu que era um erro “pensar que seus inimigos deveriam ser nossos inimigos”.

    Essa postura tipificou amplamente a resposta de algumas nações africanas à guerra Rússia-Ucrânia. Em todo o continente, muitos parecem hesitantes em arriscar sua própria segurança, investimento estrangeiro e comércio apoiando um lado neste conflito.

    Embora tenha havido uma condenação generalizada dos ataques a civis ucranianos e seus próprios cidadãos fugindo da zona de guerra – de países como Gana, Nigéria, Quênia – houve uma resposta muito mais silenciosa de algumas nações africanas importantes.

    Os países do continente se encontram em uma posição delicada e não querem se envolver em batalhas por procuração, disse Remi Adekoya, professor associado da Universidade de York, na Inglaterra.

    “Há uma forte linha de pensamento na diplomacia africana que diz que os estados africanos devem manter o princípio de não interferência e, portanto, não devem ser pegos em guerras por procuração entre o Oriente e o Ocidente. Guerras durante a Guerra Fria, por exemplo”, disse Adekoya à CNN.

    Uma voz influente que deixou claro que não fará do líder russo Vladimir Putin um inimigo é o presidente sul-africano Cyril Ramaphosa.

    Ao se dirigir ao parlamento de seu país na quinta-feira (17), ele disse: “Nossa posição é muito clara … há aqueles que estão insistindo que devemos tomar uma posição e uma posição muito adversa, digamos, a Rússia. E a abordagem que escolhemos tomar . .. é que estamos insistindo que deve haver diálogo.”

    Depois de inicialmente divulgar uma declaração pedindo que a Rússia retire imediatamente suas forças da Ucrânia, a África do Sul desde então colocou a culpa da guerra diretamente na porta da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) por considerar a adesão da Ucrânia à aliança militar, com a qual a Rússia é contra.

    “A guerra poderia ter sido evitada se a Otan tivesse atendido as advertências de seus próprios líderes e funcionários ao longo dos anos de que sua expansão para o leste levaria a uma maior, e não menos, instabilidade na região”, disse Ramaphosa  ao parlamento na quinta.

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