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    Pompeo afirma que China ocultou intencionalmente gravidade do coronavírus

    Secretário de Estado repetiu acusação do presidente Donald Trump de que há evidências de que vírus é resultado de acidente de laboratório em Wuhan

    Kylie Atwood, Stephen Collinson e Kevin Bohn, da CNN

    O secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, intensificou neste domingo (3) as afirmações do governo Trump de que a China moveu esforços para esconder a extensão da disseminação do novo coronavírus, inclusive estocando suprimentos médicos enquanto ocultava a gravidade da situação.

    “Você entendeu os fatos direito”, disse Pompeo à rede ABC, quando perguntado se a China estava agido intencionalmente ao estocar estes suprimentos no começo de janeiro, enquanto estaria escondendo a real gravidade da COVID-19. “Nós podemos confirmar que o Partido Comunista da China fez tudo que podia para garantir que o mundo não soubesse em tempo hábil o que estava acontecendo lá”. 

    Os comentários do secretário de Estado vêm no momento em que a administração Trump está formulando um plano de longo prazo para punir a China em múltiplas frentes pela pandemia do novo coronavírus, acrescentando um novo elemento, de rancor, a uma relação que já está em um patamar de deterioração. 

    Diversas fontes no governo dizem que há um apetite para usar várias ferramentas, incluindo sanções, cancelamento de obrigações de dívida dos Estados Unidos e planejamento de novas políticas comerciais, para deixar claro para a China, e para todos, onde eles acreditam que a responsabilidade esteja. 

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    Enquanto há diversas questões a respeito da transparência da China e a administração de Trump aumentou seus esforços para culpar o país pela disseminação global do vírus, as críticas ao próprio governo americano durante a pandemia também subiram.  

    O presidente Donald Trump repetidas vezes minimizou a ameaça representada pelo novo coronavírus e sugeriu que este não seria um problema para os Estados Unidos no momento em que este estava claramente se espalhando pelo mundo. Trump também elogiou diversas vezes a atuação do presidente chinês, Xi Jinping, por sua a condução da crise, enquanto sua intenção era proteger o acordo comercial com o país. 

    No domingo, Mike Pompeo alegou que alguns esforços que o Partido Comunista da China tomou para esconder a crise não foram vistos, mas outros foram públicos, como a negativa de que médicos americanos pudessem visitar laboratórios em Wuhan, a cidade onde o vírus se originou, e o silenciamento de cientistas chineses.  

    “O presidente Trump é muito claro: nós vamos responsabilizar os responsáveis e faremos isso no nosso próprio tempo”, disse o secretário de Estado. 

    Segundo fontes informaram à CNN, oficiais do governo Trump estão pressionando os órgãos de inteligência para que determinem a origem exata do surto do coronavírus, perseguindo a teoria não provada de que a pandemia começou por causa de um acidente de laboratório na China. 

    Na quinta-feira (30), o presidente contrariou esses órgãos de inteligência e disse que ele tem visto evidências que lhe dão um “alto grau de confiança” que a COVID-19 começou em um laboratório em Wuhan, mas se negou a dar detalhes que embasam a sua afirmação. 

    Questionado a respeito da crença manifestada por Trump e se ele mesmo viu as provas desta, Pompeo afirmou que “há enormes evidências de que foi que lá que isso começou”.  

    “Nós estamos dizendo desde de o começo que esse vírus foi originado em Wuhan, na China. Nós enfrentamos um pesar grande por isso do exterior, mas eu acredito que todo o mundo possa ver agora”, disse. Posteriormente, ele acrescentou que “há uma quantidade significativa de evidências de que isso veio daquele laboratório em Wuhan”. 

    Inteligência 

    O escritório do diretor da Inteligência Nacional afirmou na quinta-feira, em um comunicado, que “a comunidade de inteligência concorda com o amplo consenso científico de que o vírus não foi feito por humanos ou geneticamente modificado”. 

    Questionado a respeito dessa conclusão, Pompeo disse que concorda com ela. O secretário de Estado afirmou que “não tem razão para desacretidar” a comunidade de inteligência, acrescentando que “eu tenho visto as análises deles”. “Eu vi o resumo que você viu e que foi divulgado publicamente. Eu não tenho nenhuma razão para duvidar de que é preciso”. 

    Apesar disso, Pompeu também fez eco ao pronunciamento de Trump de que há evidência sobre o início do surto no laboratório de Wuhan, o que contraria a manifestação do diretor da Inteligência Nacional. A manifestação disse que a inteligência estava examinando “rigorosamente” se o surto foi “através de contato com animais infectados ou se foi o resultado de um acidente no laboratório em Wuhan”. 

    Pompeu acrescentou que a China “se comportou como regimes autoritários fazem, recorrendo a ocultar e esconder, confundindo e usando a Organização Mundial da Saúde como uma ferramenta para fazer a mesma coisa”. 

    “Esses são os tipos de coisas que nos presentearam com essa enorme crise, a enorme perda de vidas e a tremenda perda econômica em todo lugar do mundo”, disse. “Os australianos concordam com isso, você começa a ver europeus dizendo a mesma coisa, e eu acredito que todo o mundo está junto no entendimento de que a China trouxe esse vírus para o mundo”. 

    A CNN noticiou no último mês que o governo dos Estados Unidos estava investigando a teoria de que o vírus teria se originado no laboratório, mas que não havia sido capaz até então de confirmá-la. Em abril, o general Mark Milley, presidente do Estado Maior Conjunto, disse que o peso da prova sugeria que o vírus tinha origem natural. 

    Questionado se a China havia intencionalmente liberado o vírus ou se isso tinha sido um acidente, Pompeo se recusou a dar uma opinião. 

    “Eu não tenho nada a dizer a respeito disso. Eu acredito que haja muito para saber, isso eu posso dizer. Nós fizemos o nosso melhor para tentar responder todas essas perguntas. Nós tentamos ter um time aqui, a OMS tentou ter um time lá e eles falharam. Ninguém foi permitido a ir nesse laboratório ou em nenhum outro… esse foi um grande desafio. Nós ainda precisamos ir lá. Nós ainda não temos as amostras do vírus que nós precisamos”. 

    Transparência

    O conflito EUA-China crescendo em meio às suspeitas de dentro da administração contra a China e a raiva porque o vírus destruiu a economia é visto como o passaporte de Trump para um segundo mandato. 

    Há uma série de perguntas a serem feitas a respeito da transparência da China nos primeiros dias do surto em Wuhan e se o sistema autocrático de fato adotou um esforço para escondê-lo. Os Estados Unidos não são o único país que quer respostas em meio a uma pandemia que devastou a economia global e custou centenas de milhares de vidas. 

    Em resposta à pressão crescente, a China lançou um esforço de propaganda em busca de distrair a atenção para a sua própria culpa, incluindo culpar soldados americanos por importar o patogênico, em comentários que enfureceram Trump.  

    Na terça-feira, o ministro chinês das Relações Exteriores, Geng Shuang, acusou “políticos americanos” de dizerem mentiras a respeito da pandemia. “Eles têm apenas um objetivo: Tentar abdicar da responsabilidade pela própria epidemia e as medidas para prevenção e controle, desviando a atenção da população”, disse. 

    Na quarta-feira, a agência estatal da China, a Xinhua, publicou um vídeo animado que ironizava a atuação dos Estados Unidos diante da pandemia enquanto elogiava a chinesa. 

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