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    Policial dos EUA que atirou em jovem negra grávida é indiciado por assassinato

    Ta'Kiya Young, de 21 anos, foi morta a tiros durante uma abordagem em um estacionamento de um mercado

    Eric LevensonSabrina SouzaKristina Sguegliada CNN

    Um policial em um subúrbio de Ohio, nos Estados Unidos, foi indiciado por um grande júri por acusações de assassinato nesta terça-feira (13) pela morte de uma mulher grávida suspeita de furto no ano passado, de acordo com o gabinete do promotor do Condado de Montgomery.

    Ta’Kiya Young, de 21 anos, foi baleada dentro de seu veículo por um policial no estacionamento de um supermercado Kroger em 24 de agosto de 2023. Seu filho também não sobreviveu.

    O policial de Blendon Township, Connor Grubb, enfrenta quatro acusações de assassinato, quatro acusações de agressão criminosa e duas acusações de homicídio involuntário como resultado de uma acusação do grande júri, de acordo com uma declaração do gabinete do promotor público Mat Heck Jr.

    “Embora seja preocupante que um policial que jurou defender a lei tenha sido indiciado por acusações de homicídio, ninguém está acima da lei”, disse o promotor público.

    Imagens de câmeras corporais e vídeos de vigilância do tiroteio divulgados nas semanas seguintes mostraram que dois policiais a confrontaram em seu veículo sobre acusações de furto em loja.

    Quando o carro começou a se mover na direção de um policial, que estava em pé na frente do veículo, ele disparou um único tiro no para-brisa de Young, matando-a.

    O advogado da família Young, Sean Walton, elogiou a acusação em uma declaração e disse que 1º de agosto seria o aniversário de 22 anos de Young.

    “Hoje marca uma vitória solene na busca por justiça para Ta’Kiya Young e sua filha ainda não nascida, cujas vidas foram tragicamente e injustamente tiradas pelas mãos do policial de Blendon Township, Connor Grubb”, disse Walton em uma declaração.

    “As ações que levaram à morte de Ta’Kiya — a agressão desnecessária, os comandos assustadores que equivaliam a ‘obedeça ou morra’ — estavam lá para todos nós testemunharmos com terrível clareza. A vida de Ta’Kiya e de sua filha foram extintas em um ato de brutalidade, tornando-se mais um símbolo da necessidade urgente de reforma na conduta e responsabilização da polícia”, ele acrescentou.

    As acusações ocorrem em meio a um escrutínio intensificado da violência policial contra negros nos EUA. Em geral, os policiais raramente são acusados ​​em tais casos, e as condenações são ainda mais raras.

    Logo após o tiroteio, a polícia descreveu os dois policiais como vítimas de agressão e, portanto, ocultou suas identidades e desfocou seus rostos no vídeo.

    Em um vídeo postado no Facebook nesta terça-feira (12), o chefe de polícia de Blendon Township, John Belford, disse que o departamento agora é obrigado por lei a tomar medidas disciplinares contra Grubb.

    “Quero ser bem claro: não estamos fazendo nenhum julgamento sobre se o policial Grubb agiu corretamente. Não vimos as evidências”, disse ele.

    “No entanto, como as pessoas que foram indiciadas podem não possuir legalmente uma arma de fogo, a acusação contra ele não nos deixa outra escolha a não ser iniciar legalmente o processo disciplinar”, acrescentou.

    Brian Steel, vice-presidente executivo da Fraternal Order of Police Capital City Lodge, o sindicato policial local, disse em uma declaração nesta terça-feira (12) que estava “profundamente decepcionado” com a decisão de indiciar Grubb.

    “Como todos os policiais, o policial Grubb teve que tomar uma decisão em uma fração de segundo, uma realidade muito familiar para aqueles que servem para proteger nossas comunidades”, disse Steel. “Essas decisões são tomadas sob extrema pressão e frequentemente em situações de risco de vida, com o objetivo principal de salvaguardar a vida do público em geral e a sua própria”, afirmou.

    A acusação de Grubb foi marcada para esta quarta-feira (14) às 13h.

    Relembre o caso

    O tiroteio policial ocorreu em uma quinta-feira à noite no estacionamento do lado de fora da Kroger.

    Imagens de vigilância de dentro da loja mostram Young andando pela loja e colocando várias garrafas de bebida em sua bolsa. Ela ficou na fila do caixa antes que ela e outras duas mulheres saíssem, segundo o vídeo.

    Os alarmes dispararam quando as mulheres saíram da loja e foram até um veículo, disse a polícia. Um funcionário do supermercado notificou os policiais que uma mulher que havia roubado garrafas de álcool estava em um carro estacionado do lado de fora da loja, disse a polícia.

    O vídeo da câmera corporal da polícia mostra um policial se aproximando da janela do motorista de Young e repetidamente dizendo a ela para sair do carro. Um segundo policial, que também estava usando uma câmera corporal, então entrou na frente do veículo.

    “Eles disseram que você roubou algo… saia do carro”, disse o policial na janela.

    “Eu não roubei m*rda”, respondeu Young, e os dois discutiram com a janela ligeiramente entreaberta.

    “Saia da p*rra do carro”, disse o policial parado na frente do carro. Ele sacou a arma e apoiou a mão esquerda no capô do carro, segundo o vídeo.

    Em um momento, Young disse: “Você vai atirar em mim?”

    Young pode ser vista girando o volante do carro enquanto o policial ao lado da janela continuava a instá-la a sair do veículo.

    “Saia da p*rra do carro”, repetiu o policial na frente do carro.

    O veículo começou a se mover lentamente para frente, de acodo com o vídeo. Depois de alguns segundos, o policial parado na frente do veículo atirou uma vez pelo para-brisa.

    Após o tiro, os policiais correram ao lado do carro gritando para o motorista parar, e o carro rolou para uma calçada entre duas colunas de tijolos e para dentro de um prédio.

    Os policiais pediram reforços e quebraram a janela para alcançar a motorista, que parecia estar caída para um lado.

    Uma autópsia determinou que ela morreu de um tiro no coração. Seu feto foi estimado em 25 a 28 semanas de gestação, de acordo com o Franklin County Coroner’s Office.

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