Polícia prende mais de 200 pessoas em suposta cerimônia de casamento gay na Nigéria
Relações entre pessoas do mesmo sexo são crime no país e a pena pode chegar a 14 anos de prisão
A polícia nigeriana prendeu mais de 200 pessoas em um casamento na segunda-feira (28), numa das maiores detenções em massa dos últimos anos contra a comunidade LGBTQ do país.
Um porta-voz da polícia no estado do Delta do Sul disse aos repórteres na terça-feira (29) que 67 pessoas serão processadas por “supostamente conduzirem e comparecerem a uma cerimônia de casamento entre pessoas do mesmo sexo”.
As relações entre pessoas do mesmo sexo são criminalizadas na Nigéria e o código penal do país indica uma pena de até 14 anos de prisão para pessoas condenadas por celebrarem uma união civil do tipo.
Numa transmissão ao vivo na terça-feira, um oficial da polícia descreveu o evento como “maligno”. “Não podemos copiar o mundo ocidental… somos a Nigéria e devemos seguir a cultura deste país”.
Atrás dele estavam os suspeitos, alguns dos quais disseram aos jornalistas na transmissão ao vivo que não eram gays, e sim modelos e designers de moda.
A Anistia Internacional da Nigéria condenou a situação como “uma caça às bruxas”. A organização apelou à polícia estadual do Delta para libertar as pessoas detidas, que foram “presas e apresentadas aos meios de comunicação social” e para “pôr fim imediato a esta caça às bruxas”, num comunicado publicado nas redes sociais.
“Numa sociedade onde a corrupção é galopante, a lei que proíbe as relações entre pessoas do mesmo sexo é cada vez mais utilizada para assédio, extorsão e chantagem de pessoas por agentes da lei e outros membros do público. Isto é inaceitável”, acrescentou o grupo de direitos humanos.
A polícia disse que uma gravação de vídeo da festa de casamento e supostas substâncias proibidas foram obtidas durante a operação.
“O local do evento ilícito foi revistado e lá foram recuperados os seguintes itens: um frasco de codeína, três copos de café canadense refinado, cinco sachês de SK, um sachê de tramadol, quatro comprimidos da droga molly, um triturador e vestidos cerimoniais de casamento gay”, disse um comunicado da polícia.
O comunicado acrescentou que a polícia ficou sabendo do evento depois que agentes em patrulha de rotina pararam um participante na noite de domingo. “Ele alegou ser ator”, dizia o comunicado.
“Após interrogatório, ele confessou que é membro de um determinado clube gay e que estava a caminho de se juntar aos seus colegas para uma cerimônia de casamento gay”, disse o comunicado.
Esta detenção ocorre cinco anos depois que 57 homens acusados de homossexualidade terem sido detidos durante uma operação policial num hotel em Lagos em 2018.
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