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    Polícia de Hong Kong investiga organizadores de vigília na Praça da Paz Celestial

    Grupo pró-democracia faz ato anual para relembrar as mortes que ocorreram no local em 1989; autoridades pedem endereços, informações de contato e funções dos manifestantes

    Jessie YeungEric Cheungda CNN

    A polícia de segurança nacional de Hong Kong está investigando um grupo por trás da vigília anual de 4 de junho que aconteceu na cidade. A data relembra os manifestantes pró-democracia que morreram durante a repressão da Praça da Paz Celestial (Tiananmen), em Pequim, em 1989. A carta foi enviada aos organizadores da vigília e foi vista pela CNN.

    Segundo a correspondência da polícia, o grupo Aliança de Hong Kong em Apoio aos Movimentos Democráticos e Patrióticos da China deve enviar detalhes pessoais de todos os seus diretores e membros, incluindo seus nomes, datas de nascimento, endereços, informações de contato e funções.

    A carta também exige que o grupo – formado há mais de três décadas para apoiar aqueles que protestam pela democracia em Pequim – forneça todos os registros de reuniões com outros grupos políticos em Hong Kong, Taiwan e no exterior, bem como revelem sua fonte de renda.

    O pedido foi feito, segundo a polícia, porque era “razoável acreditar” que estas informações ajudariam a investigar possíveis crimes contra a segurança nacional. A aliança deve fornecer as informações dentro de 14 dias – caso contrário, o grupo pode ser processado.

    A polícia de Hong Kong confirmou à CNN em um comunicado que havia solicitado que “determinadas pessoas” fornecessem informações “relacionadas à manutenção da segurança nacional” – e se recusou a fornecer mais detalhes.

    A carta foi enviada depois que a emissora pública RTHK informou nesta semana que a Aliança considerou se desfazer após a promulgação, no ano passado, de uma ampla lei de segurança nacional em Pequim que criminaliza o que é considerado secessão, subversão, terrorismo e conluio com forças estrangeiras.

    Na esteira desta legislação, a paisagem política e social da cidade se transformou. Com base na lei de segurança, manifestantes, jornalistas e figuras pró-democracia foram presos; redações foram invadidas e forçadas a fechar; livros didáticos, filmes e sites enfrentam nova censura; e organizações cívicas, incluindo sindicatos trabalhistas, faliram após a pressão das autoridades.

    aniversário do Massacre da Praça da Paz Celestial
    Manifestantes acendem velas para marcar 31º aniversário do Massacre da Praça da Paz Celestial / Foto: Isaac Yee/CNN (4.jun.2020)

    Vigília na Praça da Paz Celestial pode estar com os dias contados

    O grupo realiza a vigília anual à luz de velas na Praça da Paz Celestial no aniversário da repressão desde 1990.

    Os eventos de 1989 na Praça da Paz Celestial começaram com manifestantes – a maioria estudantes universitários – reunindo-se no centro da capital chinesa para lamentar a morte de um ex-líder deposto. Depois, para pressionar por reformas governamentais e mais democracia. Na madrugada de 4 de junho, no entanto, os militares chineses entraram na praça, com ordens para conter os protestos.

    Nenhum número oficial de mortos foi divulgado, mas grupos de direitos humanos estimam que centenas, senão milhares, foram mortos.

    Os protestos e a repressão foram apagados dos livros de história na China e até os dias de hoje são censurados e controlados. Durante décadas, a vigília anual à luz de velas em Hong Kong foi o único memorial realizado em solo chinês.

    Mas os dias desta vigília parecem estar contados. O evento deste ano foi proibido pelas autoridades sob a justificativa de restrições devido à pandemia do coronavírus.

    O escritório de Segurança de Hong Kong também alertou que participar ou promover qualquer comício de 4 de junho pode violar a lei de segurança nacional e resultar em prisão.

    (Este texto é uma tradução. Para ler o original, em inglês, clique aqui)

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