Pesquisa mostra diferença entre Le Pen e Macron cair e número de abstenções subir
Estimativa de participação eleitoral cai ainda mais e pode ter recorde histórico abaixo dos 70%
A candidata de extrema-direita da França, Marine Le Pen, está diminuindo a distância para o presidente Emmanuel Macron antes do segundo turno das eleições presidenciais do país, mostrou uma pesquisa nesta terça-feira (12), já que a previsão de participação eleitoral está caindo ainda mais.
A pesquisa OpinionWay-Kea Partners publicada por Les Echos e Radio Classique mostrou Le Pen diminuindo a diferença em um ponto, embora Macron ainda vencesse o segundo turno com 54% dos votos.
A estimativa de participação eleitoral dos franceses caiu ainda mais, chegando a 70%, abaixo dos 74,56% de 2017, que já era o menor desde 1969.
Até o momento, quatro dos candidatos que disputaram o primeiro turno, Jean-Luc Mélenchon, Anna Hidalgo, Valerie Pecresse e Yannick Jadot, declararam oposição à Le Pen no segundo turno. “Sabemos em quem nunca votaremos e você não deve apoiar Le Pen. Não deve haver um único voto para Le Pen no segundo turno”, disse Mélenchon em discurso a seus apoiadores.
O ex-presidente e conservador Nicolas Sarkozy também declarou apoio ao atual presidente: “Acho que ele tem a experiência necessária, pois enfrentamos uma profunda crise internacional, mais complexa do que nunca”, disse em comunicado divulgado nas redes sociais.
Macron tem assumido uma posição de estadista frente as crises internacionais, disposto a falar cara a cara e por telefone várias vezes com Vladimir Putin antes e depois da invasão russa à Ucrânia, de uma forma que outros líderes mundiais não estariam dispostos ou, como acreditam os apoiadores de Macron, não seriam capazes de fazer.
Não é a primeira vez que Macron desempenha o papel de uma espécie de líder da alma da Europa. O francês assumiu as rédeas no tratamento do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, durante alguns dos momentos mais difíceis do seu tempo no cargo.
Ele também definiu boa parte da linha vermelha da União Europeia durante as negociações do Brexit com o Reino Unido. Organizou conversações em Paris com grupos rivais na Líbia, a fim de obter um cessar-fogo. E, durante os primeiros dias da pandemia de Covid-19, tentou mediar uma trégua mundial.
Por outro lado, a crise instaurada após a invasão russa à Ucrânia impactou a popularidade e os votos de Macron, com uma inflação crescente e a falta de perspectiva para o fim da guerra.
Já Marine Le Pen tem sua origem na extrema-direita francesa. Seu pai, Jean-Marie Le Pen, fundou a Frente Nacional em 1972, um partido político há muito visto como racista e antissemita.
Mas sua postura nacionalista econômica, seus pontos de vista sobre a imigração, o eurocentrismo e suas posições sobre o Islã na França — ela quer tornar ilegal o uso do lenço de cabeça em público pelas mulheres — revelou-se impopular entre o eleitorado francês, já que ela foi golpeada em sua primeira batalha contra Macron.
Antes do pleito do primeiro turno, Le Pen declarou que trabalharia para unir a França: “Pretendo sem espera costurar as lágrimas que uma França dilacerada sofre e que o poder foi capaz de fazer”, disse Le Pen a apoiadores.
Enquanto “parar a imigração descontrolada” e “erradicar as ideologias islâmicas” continuam sendo as duas principais prioridades de sua plataforma, Le Pen procurou ampliar seu apelo.
Nas semanas que antecederam o primeiro turno das eleições, Le Pen fez uma dura campanha sobre questões que afetam o bolso, muitas vezes iniciando entrevistas e aparições na mídia explicando aos eleitores como ela os ajudaria a lidar com a inflação e o aumento do preço dos combustíveis, questões prioritárias para o público francês.
*com informações de Sarah Morland, da Reuters