Pentágono vai revisar segurança de códigos nucleares do presidente dos EUA
Medida ocorre após uma das malas com os códigos ficar ao alcance de manifestantes que atacaram o Capitólio do país no dia 6 de janeiro
O Pentágono, órgão de defesa dos Estados Unidos, anunciou que vai reavaliar os protocolos de segurança em torno da “bolsa nuclear” do presidente norte-americano, Joe Biden. A mala, que contém os códigos para a autorização de um ataque nuclear e segue o presidente para onde quer que ele vá, esteve ao alcance de manifestantes que atacaram o Capitólio do país no dia 6 de janeiro.
A bolsa é chamada de “football” (bola de futebol em inglês britânico) e contém os protocolos para ordenar um ataque nuclear norte-americano em qualquer ponto do planeta. Além dos presidentes, seus vices também são acompanhados de um oficial que carrega uma mala idêntica, no caso de o líder principal estar incapacitado para tomar a decisão.
De acordo com o especialista em segurança nuclear, Stephen Schwartz, “existem apenas papéis lá dentro, e detalhes de todas as opções pré-planejadas que existem para o presidente lançar um ataque nuclear, sob vários cenários.”
Schwartz afirma que a mala acompanha o presidente 24 horas por dia, sete dias por semana. “Ela está sempre a poucos segundos de distância de onde ele estiver”, complementa.
No entanto, a turbulenta gestão de Donald Trump e a crise que se instalou após as eleições presidenciais de 2020, levaram autoridades de defesa e líderes do Congresso a questionar a segurança dos protocolos nucleares.
Oficiais das forças armadas ficaram preocupados com a segurança da bolsa após manifestantes chegarem próximo ao então vice-presidente republicano, Mike Pence, no dia da invasão do Capitólio. Durante a revolta no Congresso, alguns dos invasores estiveram a cerca de 30 metros da “mala nuclear”.
Para autorizar o ataque, presidentes e seus vices precisam de um código, chamado de “biscoito”, que consiste em um cartão pessoal, guardado no bolso ou na carteira, que contém uma sequência alfanumérica que dá o direito à autoridade de ordenar um ataque.
Segundo uma nota do Pentágono, a fim de garantir maior segurança, o departamento de defesa americano pretende fazer uma revisão dos processos e dos protocolos empregados, caso a mala se perca, seja roubada ou se comprometa de alguma maneira.
Ainda na gestão Trump, outra ocorrência colocou a mala nuclear em risco. Em 2017, durante uma viagem oficial a Pequim, houve uma confusão entre agentes do serviço secreto americano e seguranças chineses. Os guardas de Xi Jinping tentaram impedir que a bolsa entrasse na sede do governo e acabaram sendo derrubados no chão pelos agentes americanos.
Outro desafio de segurança foi identificado durante a transição de poder de Trump para Biden. Tradicionalmente, o presidente que deixa o cargo participa da posse do sucessor. E é neste momento que a mala troca de mãos, mas Donald Trump não compareceu à posse do presidente democrata no dia 20 de janeiro.
O republicano deixou a Casa Branca pela manhã, antes da cerimônia e, naquele momento, ainda era o comandante das forças armadas. Por isso, precisou viajar para sua nova residência, na Flórida, acompanhado da mala. Ao meio-dia do horário local, quando segundo a constituição norte-americana começou o mandato de Joe Biden, os códigos de Trump foram declarados inválidos, e o novo líder assumiu o controle sobre o arsenal.