‘Pensei: você vai morrer agora’, diz noiva surpreendida por explosão em Beirute
Equipe da CNN Brasil conversou com casal de noivos que fazia ensaio no momento de desastre no Líbano
O ensaio às vésperas da data tão esperada pelo casal Israa Seblani e Ahmad Subeih acabou se tornando um dos registros mais emblemáticos da explosão ocorrida em um porto de Beirute, capital do Líbano, na última semana.
A noiva libanesa mora nos Estados Unidos e o futuro marido aguardava a documentação para poder ir morar com ela no Líbano, mas o acidente fez com que eles mudassem de planos.
Em entrevista à CNN, Israa disse que, no momento da explosão, não tinha noção do que estava acontecendo e descreveu a situação como um “pesadelo”.
“O vestido ficou cheio de vidro. Quando cheguei à noite e tirei o vestido,o vidro caía dele. (…) Veio na minha cabeça uma coisa só [na hora da explosão]: ‘Israa, hoje você começaria uma vida nova com o amor da sua vida, mas tudo vai virar de cabeça para baixo. Você vai morrer agora’. Graças a Deus estou bem, meu marido está bem e os fotográfos que estavam com a gente também”, relatou.
Subeih também revelou que achava que morreria quando ouviu o barulho da explosão. “Fiquei com medo pela minha esposa. Falei comigo mesmo: ‘minha vida acabou, com certeza não vou sobreviver’. Pensamentos assim começaram a surgir”, disse o noivo.
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O casal contou que o casamento era adiado há três anos e, apesar da pandemia do novo coronavírus, eles estavam confiantes de que ocorreria na data escolhida para este ano.
“Eu, como qualquer mulher, sonho em usar o vestido branco, me arrumar e orgulhar meus pais. A gente está adiando o dia do nosso casamento há três anos, estavámos certos de que neste ano, nesta data, seria o momento certo para nós, mas tudo mudou”, desabafou.
Israa disse que gostaria de formar família e “viver em paz” no país de origem, mas a explosão em Beirute fez com que ela mudasse de ideia.
“Cerca de dois dias antes da explosão tínhamos esperança de morar no nosso país, mas para ser honesta, depois do que aconteceu, sinto que é difícil manter essa ideia. Não é medo por nós, mas por nossos filhos.”