Pelo menos 56 pessoas morreram em estado no Sudão, dizem Médicos Sem Fronteiras
País está à beira do colapso e da fome após um ano de guerra civil
Pelo menos 56 pessoas morreram em El Fasher, capital do estado de Darfur do Norte, no Sudão, entre a última sexta-feira (10) e a quarta-feira (15), com a “escalada dos combates mortais”, segundo comunicado dos Médicos Sem Fronteiras (MSF).
No Hospital do Sul da cidade, 454 vítimas chegaram desde a última sexta-feira, das quais 56 “sucumbiram a seus ferimentos”, de acordo com a organização humanitária. Os MSF acrescentaram que “o número de feridos e mortos é provavelmente muito maior, já que os combates continuam tão intensos que muitas pessoas nem conseguem chegar ao hospital”.
“O norte de Darfur era um refúgio relativamente seguro em comparação com outras partes de Darfur”, acrescentou o MSF. “Agora, há franco-atiradores nas ruas, bombardeios pesados ocorrem e nenhum lugar da cidade é seguro
A violência no norte de Darfur tem se intensificado, à medida que o grupo paramilitar Rapid Support Forces (RSF) está cercando El Fasher.
Um relatório do Laboratório de Pesquisa Humanitária da Escola de Saúde Pública de Yale confirmou na quarta-feira “danos significativos associados ao conflito nos bairros do leste e sudeste da cidade de El Fasher entre 10 e 14 de maio”. Isso é condizente com os relatos de que a RSF e as Forças Armadas Sudanesas (SAF) “se envolveram em combates terrestres e bombardeios ampliados e recorrentes” na cidade, acrescentou o relatório de Yale.
O representante especial adjunto da ONU para o Sudão, Clementine Nkweta-Salami, disse que “as hostilidades estão aumentando” em El Fasher, “colocando uma cidade inteira em perigo”.
Os Estados Unidos puniram dois comandantes da RSF na quarta-feira por seu papel na liderança das operações do grupo paramilitar em Darfur.
“A operação militar da RSF para cercar El Fasher, Darfur do Norte, colocou em risco a vida de centenas de milhares de civis”, disse um porta-voz do Departamento de Estado dos EUA.
A guerra civil no Sudão entre a SAF e a RSF começou em abril de 2023. De acordo com o Escritório da ONU de Coordenação de Assuntos Humanitários, desde o início da guerra, mais de 8,8 milhões de pessoas fugiram de suas casas e 24,8 milhões de pessoas precisam de assistência.