Paul Rusesabagina, que inspirou “Hotel Ruanda”, é julgado culpado por terrorismo
Ativista ajudou a proteger centenas do genocídio no país em 1994. Filha afirma que julgamento é "injusto" e viola direitos humanos
Paul Rusesabagina, que inspirou o filme “Hotel Ruanda”, foi considerado culpado por um tribunal em Kigali, capital do país, de fazer parte de um grupo terrorista, MRCD-FLN.
Rusesabagina, junto com outras 20 pessoas, foi acusado de conspirar para lançar ataques ao território ruandês em 2018 e 2019, resultando em pelo menos nove mortes.
O juiz, ao ler o veredicto nesta segunda-feira (20), disse:
“O tribunal também considera que eles estavam neste grupo muito conscientes de que estavam cometendo atos de terror, eles queriam os atos de terror cometidos e isso é evidenciado pelo trabalho que eles cometeram enquanto estavam naquele partido político”.
“Formaram a FLN, que é um grupo armado ilegal, que atacou Ruanda em 2018 e 2019 e mesmo depois se gabaram disso em diversos anúncios e vídeos “, disse o juiz.
O homem de 66 anos foi preso pela primeira vez em agosto de 2020 e enfrenta nove acusações, incluindo financiamento do terrorismo, assassinato como um ato de terrorismo, formação de um grupo armado irregular e filiação a um grupo terrorista, entre outros.
Rusesabagina ganhou destaque por salvar centenas de ruandeses durante o genocídio do país, abrigando-os no hotel que administrava.
Sua história foi transformada no filme de Hollywood “Hotel Ruanda”, estrelado por Don Cheadle e Sophie Okonedo.
Durante o julgamento – que foi ouvido pela Câmara do Tribunal Superior de Ruanda para Crimes Internacionais e Transfronteiriços –, o crítico do presidente ruandês Paul Kagame disse ao tribunal que desejava ser referido como cidadão belga, e que foi sequestrado pelas autoridades de Ruanda, que não têm jurisdição para julgá-lo.
Ao ouvir o veredicto, sua filha, Carine Kanimba, disse à CNN que todos os direitos humanos básicos de seu pai foram violados pelo governo de Ruanda.
“Sabíamos que nunca haveria um julgamento justo para meu pai e agora o mundo também sabe. Se os Estados Unidos, a Bélgica e outros acreditam nos direitos humanos, eles precisam intervir agora para libertar nosso pai”.