Parlamentares da França começam debate sobre voto de desconfiança contra premiê
Votação pode derrubar governo francês; para aprovação, é necessário apoio de ao menos 289 deputados
Parlamentares da França começaram o debate sobre o voto de desconfiança contra o primeiro-ministro Michel Barnier. A votação sobre a medida deve ser realizada por volta das 15h, no horário de Brasília.
Macron espera nomear um novo premiê em 24 horas caso Barnier perca o desafio — o que é esperado, visto que a esquerda e a extrema direita têm 332 parlamentares e ambos os grupos devem votar a favor –, segundo a BFMTV, rede afiliada da CNN.
Isso ocorre depois que Barnier tentou, na segunda-feira (2), forçar a aprovação de parte do Orçamento do governo para 2025.
O projeto inclui medidas para preencher o grande buraco nas finanças públicas da França e alinhar o déficit de volta às regras da União Europeia até o final da década.
Barnier, que está no poder desde setembro, como líder de um governo minoritário apoiado por centristas e conservadores, tentou aprovar o Orçamento usando um mecanismo constitucional controverso que contornou uma votação.
No entanto, essa manobra, por sua vez, deu aos parlamentares a oportunidade de apresentar moções para um voto de desconfiança contra ele — e os legisladores da esquerda, que repetidamente prometeram derrubar seu governo, fizeram exatamente isso.
O partido de extrema direita Reunião Nacional, comandado por Marine Le Pen, está pronto para apoiar a votação e derrubar o governo.
Nenhum governo foi destituído em um voto de desconfiança na França desde 1962, e Barnier se tornaria o primeiro-ministro francês com o menor mandato na história.
Seu gabinete teria que servir como interino até que o presidente francês, Emmanuel Macron, nomeasse uma nova liderança.
Consequências dos processos
O voto de desconfiança, se aprovado no Parlamento, determina a saída imediata do primeiro-ministro do cargo.
Em muitos países, o chefe de governo deve apenas apresentar a renúncia ao chefe de Estado, como formalidade — neste caso, Barnier apresentaria isso a Macron.
Mas, na prática, a votação destitui o premiê quase automaticamente.