Papa pede exame de consciência sobre Ucrânia e condena ações; “grande dor em meu coração”
Ele proclamou a Quarta-feira de Cinzas, em 2 de março deste ano, como um dia internacional de jejum e oração pela paz
O papa Francisco disse nesta quarta-feira (23) que a ameaça de guerra na Ucrânia causou “grande dor em meu coração” e condenou ações que “desestabilizam a coexistência entre nações e desacreditam o direito internacional”.
Os Estados Unidos e seus aliados acusam a Rússia de violar flagrantemente a lei internacional ao ordenar tropas em regiões separatistas do leste da Ucrânia e reconhecer as regiões separatistas de Donetsk e Luhansk como repúblicas independentes.
Ele proclamou a Quarta-feira de Cinzas, em 2 de março deste ano, como um dia internacional de jejum e oração pela paz. Ele condenou a “insensatez diabólica da violência” e pediu à Virgem Maria, “rainha da paz, que salve o mundo da loucura da guerra”.
“Tenho muita dor no coração por causa do agravamento da situação na Ucrânia”, disse Francisco, acrescentando que estava angustiado e preocupado como muitos ao redor do mundo porque a paz estava ameaçada por interesses partidários.
“Apelo a todos os lados para que se abstenham de qualquer ação que possa provocar mais sofrimento às populações, desestabilizar a convivência entre as nações e desacreditar o direito internacional.”
Estados Unidos, União Europeia, Grã-Bretanha, Austrália, Canadá e Japão anunciaram planos para atingir bancos e elites, enquanto a Alemanha suspendeu um grande projeto de gasoduto da Rússia em uma das piores crises de segurança na Europa em décadas.
É a segunda vez que Francisco convocou um dia internacional de oração pela paz na Ucrânia. A primeira foi em 26 de janeiro. “Jesus nos ensinou que devemos responder à insensatez diabólica da violência com as armas de Deus, com oração e jejum”, disse Francisco nesta quarta.
Entenda o conflito
Após meses de escalada militar e intemperança na fronteira com a Ucrânia, a Rússia está aumentando a pressão sobre seu ex-vizinho soviético, ameaçando desestabilizar a Europa e envolver os Estados Unidos.
A Rússia vem reforçando seu controle militar em torno da Ucrânia desde o ano passado, acumulando dezenas de milhares de tropas, equipamentos e artilharia nas portas do país. A mobilização provocou alertas de oficiais de inteligência dos EUA de que uma invasão russa pode ser iminente.
Nas últimas semanas, os esforços diplomáticos para acalmar as tensões não chegaram a uma conclusão. Foi reconhecida pelo presidente russo Vladimir Putin, na segunda-feira (21), a independência de Donetsk e Luhansk, duas áreas separatistas ucranianas.
A escalada no conflito de anos entre a Rússia e a Ucrânia desencadeou a maior crise de segurança no continente desde a Guerra Fria, levantando o espectro de um confronto perigoso entre as potências ocidentais e Moscou.