Apesar de trégua entre Israel e Hamas, conflitos são registrados em Jerusalém
Polícia israelense usa munição de atordoamento contra palestinos que protestavam na Mesquita de Al-Aqsa; Egito enviará delegações para monitorar cessar-fogo
Uma trégua entre Israel e o Hamas passou a vigorar nesta sexta-feira (21) após a pior onda de violência na região desde 2014. No entanto, novos confrontos entre palestinos e a polícia israelense foram registrados no entorno da Mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém, onde cenas semelhantes iniciaram o conflito.
Os bombardeios de Israel à Faixa de Gaza e os ataques de foguetes de militantes palestinos contra cidades israelenses cessaram após 11 dias sob um acordo mediado pelo Egito, que negocia com os dois lados maneiras de manter a estabilidade.
A violência em Gaza foi desencadeada em parte por ataques da polícia israelense ao complexo da Mesquita Al-Aqsa, em Jerusalém Oriental, e confrontos com palestinos durante o mês sagrado muçulmano do Ramadã.
Nesta sexta-feira, milhares se reuniram para as orações e muitos permaneceram para protestar em apoio a Gaza. A polícia israelense, então, disparou granadas de atordoamento contra os palestinos, que atiraram pedras e coquetéis molotov contra os policiais.
Os confrontos cessaram em cerca de uma hora, com a polícia israelense recuando para posições nos portões do complexo.
Em Gaza, mais cinco corpos foram retirados dos escombros no densamente povoado enclave palestino, elevando o número de mortos para 243, incluindo 66 crianças, com mais de 1.900 feridos.
Os militares israelenses disseram que 1 soldado e 12 civis foram mortos, e que centenas de pessoas foram atendidas com ferimentos após disparos de foguetes que causaram pânico e enviaram pessoas para abrigos.
Palestinos que se amontoaram com medo do bombardeio israelense tomaram as ruas de Gaza, se abraçando em comemoração em frente aos edifícios bombardeados. Os alto-falantes das mesquitas celebraram “a vitória da resistência”. Carros circulavam com bandeiras palestinas e buzinando.

O Egito disse que enviará duas delegações para monitorar a trégua, já que as partes em conflito disseram estar prontas para retaliar quaisquer violações.
Os civis de ambos os lados da linha de frente, porém, continuam céticos. “Eu não concordo com (uma trégua). O que é trégua? O que significa?” disse Samira Abdallah Naseer, mãe de 11 filhos, sentada perto dos destroços de um prédio perto de Beit Hanoun, no norte da Faixa de Gaza.
“Voltamos para nossas casas e não encontramos nenhum lugar para sentar, sem água, sem eletricidade, sem colchões, nada”, disse ela.
Em um café na cidade portuária israelense de Ashdod, ao norte de Gaza, o estudante Dan Kiri, de 25 anos, disse que Israel deveria continuar a visar o Hamas até que o grupo desmoronasse.
“O fato de estarmos sentados aqui, tomando café pacificamente e comendo nosso croissant, é apenas uma questão de tempo até a próxima operação em Gaza”, disse ele.
