Países do G7 devem anunciar pacote de empréstimo à Ucrânia, dizem fontes
Cúpula das democracias mais ricas do mundo se reúne na Itália a partir desta quinta-feira (13)


Os líderes que representam o G7 deverão anunciar já nesta quinta-feira (13) um acordo para emprestar dinheiro à Ucrânia, com lastro nos lucros dos investimentos russos congelados, segundo fontes familiarizadas com as discussões, proporcionando uma nova fonte de receitas a um país devastado pela guerra e que enfrenta um caminho íngreme e caro para a recuperação.
Os negociadores centraram as discussões num montante de empréstimo de cerca de US$ 50 bilhões, um valor que representaria as receitas anuais dos investimentos – que geram lucros de cerca de 3 bilhões de euros por ano – ao longo de 10 anos.
As nações ocidentais congelaram os ativos da Rússia em contas bancárias localizadas na Europa e nos EUA como parte de uma enorme onda de sanções decretadas depois de Vladimir Putin ter ordenado a invasão da Ucrânia em 2022. Dezenas de bilhões em ativos estão congelados na Europa, com apenas uma pequena quantia – cerca de US$ 3 bilhões – localizados em bancos nos EUA.
Isso levou as autoridades europeias a levantarem preocupações de que poderiam ficar em risco se a Ucrânia não conseguisse pagar o empréstimo, se os investimentos gerassem menos lucros ou se os ativos fossem devolvidos à Rússia como parte de um acordo de paz.
Um alto funcionário dos EUA disse que os negociadores, que continuaram a trabalhar nos detalhes finais em Brindisi, Itália, antes da chegada dos líderes do G7, estruturaram o acordo de modo a que todos os países participantes partilhem o risco.
“Este empréstimo será concedido principalmente pelos Estados Unidos e será complementado por dinheiro da Europa”, disse uma fonte do governo francês a jornalistas durante briefing.
“Os países ainda estão discutindo como repartir os custos se os lucros dos ativos russos não forem suficientes para cobrir a necessidade”, acrescentou a fonte francesa.
A fonte falou sob condição de anonimato, citando normas profissionais na Europa.
“Os 50 bilhões serão transferidos antes do final de 2024”, disse a fonte.
O conselheiro de segurança nacional dos EUA, Jake Sullivan, disse aos repórteres que viajaram com o presidente Joe Biden para a cúpula que as discussões avançavam no sentido de um “entendimento comum” de como o empréstimo seria estruturado, embora vários países só comecem a elaborar e participar dos detalhes técnicos apenas após a reunião.
“Acredito que estamos fazendo bons progressos na geração de um resultado em que os rendimentos desses ativos congelados possam ser bem utilizados”, disse Sullivan.
Os países do G7 começaram a debater formas de identificar fontes de financiamento a longo prazo para a Ucrânia no final de 2023, à medida que os legisladores atrasavam a aprovação do pedido de financiamento da Casa Branca.
Em meio a dúvidas sobre os futuros recursos políticos e financeiros para continuar a gastar o dinheiro dos contribuintes na Ucrânia – e enfrentando um calendário repleto de eleições em ambos os lados do Atlântico – as autoridades começaram a concentrar-se no dinheiro russo que acumulava poeira e nos pagamentos de juros em contas em todo o mundo.
Os bancos e as câmaras de compensação que detêm e processam os fundos levantaram preocupações de que a simples aceitação do dinheiro abriria tanto as empresas como os países a processos judiciais e a represálias por parte da Rússia. A utilização dos lucros gerados enquanto a Rússia não tem acesso ao dinheiro foi concebida como uma solução alternativa que satisfazia as preocupações jurídicas internacionais.
“É a diferença entre alguém confiscar a sua casa e alugá-la”, disse Tim Adams, presidente e CEO do Institute of International Finance.
Os Estados Unidos forneceram US$ 175 bilhões à Ucrânia desde a invasão da Rússia, um total que ultrapassa agora os US$ 171 bilhões que os EUA forneceram ao Plano Marshall para reconstruir a Europa após a Segunda Guerra Mundial. A União Europeia entregou US$ 107 bilhões em ajuda.
O Banco Mundial estima que a Ucrânia precisaria de mais de US$ 500 bilhões para se reconstruir, um número que aumenta a cada dia que a guerra continua.