Pai do “milagre boliviano”, Arce devolve o socialismo ao poder
O candidato do Movimento pelo Socialismo (MAS) tem como missão diversificar a matriz produtiva da Bolívia


O ex-ministro Luis Arce, conhecido por muitos como o pai do “milagre econômico” da Bolívia, conquistou a Presidência do país no primeiro turno, segundo pesquisas, levando o socialismo de volta ao poder.
Arce, de 57 anos, foi o ministro da Economia por quase 12 anos do governo do ex-presidente e líder do Movimento pelo Socialismo (MAS), Evo Morales.
Com a promessa de reinstalar os grandes planos de industrialização do gás natural e das grandes jazidas de lítio e de diversificar a matriz produtiva do país, Arce terá a tarefa de retomar a trajetória de crescimento em um momento em que a região é fortemente afetada pela pandemia do novo coronavírus.
O Banco Mundial estima que a economia da Bolívia, dominada pela agricultura e pelo gás, terá uma contração de cerca de 6% este ano, após mais de três décadas de crescimento.
“Ao longo deste dia estamos recuperando a certeza, muito importante para a população, para o povo boliviano, de poder desenvolver todo tipo de atividades econômicas, que beneficiem as pequenas, médias e grandes empresas, mas também o setor público”, disse Arce nesta segunda-feira (19) em um pronunciamento a jornalistas.
Nascido em La Paz, o presidente eleito formou-se em economia pela Universidad Mayor de San Andrés (UMSA), principal universidade pública da Bolívia, e posteriormente obteve o título de mestre pela University of Warwick, na Inglaterra.
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Durante sua gestão, a Bolívia cresceu a uma taxa anual de 4,6%. Tendo a demanda interna como motor do crescimento econômico, Arce promoveu a nacionalização de empresas estratégicas e o desenvolvimento do investimento público e de políticas redistributivas.
Arce se colocou contra a produção ilegal de folhas de coca e o tráfico de drogas.
Apesar de ser apoiado por Morales, que está asilado na Argentina, Arce disse que o ex-presidente deve resolver suas pendências com a Justiça antes de considerar uma possível participação no novo governo do MAS.
Morales teve que deixar a Bolívia no ano passado em meio a violentos protestos, depois de ser acusado de fraude nas eleições que ganhou em outubro, quando pretendia estender seu mandato – iniciado em 2006 – até 2025. O ex-presidente considera ter sido vítima de um golpe de Estado.