Os dedos extra longos deste primata estranho dão a ele um talento nojento
Pesquisadores resgistraram pela primeira vez o aye-aye, uma espécie de lêmure de aparência incomum, cutucando o nariz e comendo o que retirava de dentro das narinas
Os humanos não são os únicos animais que cutucam o nariz e comem o conteúdo, mostrou um novo estudo.
Pela primeira vez, pesquisadores documentaram esse comportamento em um primata conhecido como aye-aye, uma espécie de lêmure de aparência incomum. As descobertas foram publicadas no Journal of Zoology na quarta-feira (26).
Anne-Claire Fabre, curadora do Museu de História Natural de Berna, na Suíça, e professora associada da Universidade de Berna, observou um aye-aye cutucando o nariz enquanto filmava os animais no Duke Lemur Center, um santuário e centro de pesquisa em Durham, no estado americano da Carolina do Norte.
Usando uma câmera com pouca luz, Fabre capturou a fêmea de aye-aye, chamada Kali, se divertindo com esse passatempo questionável.
“Era impossível não notar esse aye-aye cutucando o nariz”, disse Fabre, principal autora do estudo, em nota.
“Este não foi apenas um comportamento único, mas algo em que ele [o animal] estava totalmente engajado, inserindo seu dedo extremamente longo em um caminho surpreendentemente longo para dentro do nariz e, em seguida, e comendo o que quer que ele conseguisse desenterrar de lá, lambendo o dedo para limpar”.
Incluindo aye-ayes e humanos, 12 espécies de primatas foram observadas comendo meleca do nariz.
Ao contrário dos dedos relativamente curtos dos humanos, o dedo médio longo e fino do aye-aye é perfeitamente moldado para alcançar bem fundo dentro do nariz. Uma reconstrução da passagem nasal do animal com base em uma tomografia computadorizada sugere que seu dedo curvo pode chegar até a garganta para procurar muco.
Não se sabe muito sobre por que certos animais cutucam o nariz.
Além da exploração nasal, o dedo distintivo do aye-aye também o ajuda a encontrar comida. O primata usa seu terceiro dedo alongado para obter alimentos batendo na madeira e ouvindo as reverberações antes de extrair as larvas de dentro.
O longo dedo médio do aye-aye também conquistou a imaginação em sua terra natal Madagascar, com alguns acreditando que o animal tem qualidades proféticas. A lenda local diz que se um aye-aye te apontar o dedo, você está marcado para a morte.
Roberto Portela Miguez, curador sênior do Museu de História Natural de Londres e coautor do estudo, expressou esperança de que esta nova pesquisa possa despertar o interesse pela criaturinha de aparência assustadora.
“Aye-ayes estão altamente ameaçados e realmente precisam de nossa ajuda”, disse ele. A espécie rara está ameaçada devido à perda de habitat e à caça.
“Estudos como este podem ajudar a chamar a atenção para as espécies, destacar o quão pouco podemos saber sobre elas e fazer com que mais pessoas apoiem sua conservação”.