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    ONU: Combates em Mianmar desde golpe militar deslocaram 230 mil pessoas

    Mianmar está em crise desde que um golpe militar em 1º de fevereiro derrubou o governo eleito, gerando revolta em todo o país e levando a protestos

    Martin Petty, da Reuters

    Estima-se que 230 mil pessoas foram deslocadas pelos combates em Mianmar e precisam de assistência, afirmou a Organização das Nações Unidas (ONU) na quinta-feira (24), quando um grande grupo étnico armado expressou preocupação com a força militar, as mortes de civis e a ampliação do conflito.

    Mianmar está em crise desde que um golpe militar em 1º de fevereiro derrubou o governo eleito, gerando revolta em todo o país e levando a protestos, assassinatos e bombardeios, além de batalhas em várias frentes entre tropas e exércitos civis opositores recém-formados.

    O Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em inglês) disse que operações de socorro estão em andamento, mas estão sendo prejudicadas pelos confrontos armados, violência e insegurança no país.

    Segundo o relatório, 177.000 pessoas foram deslocadas no estado de Karen, na fronteira com a Tailândia, 103.000 no mês passado, enquanto mais de 20.000 pessoas estavam abrigadas em 100 áreas de deslocamento após combates entre as Forças de Defesa Popular e o exército no estado de Chin, na fronteira com a Índia.

    Vários milhares de pessoas fugiram dos combates no norte dos estados de Kachin e Shan, regiões com exércitos de minorias étnicas estabelecidas com uma longa história de hostilidades com os militares.

    A União Nacional Karen (KNU), um dos grupos minoritários étnicos mais antigos de Mianmar, disse estar preocupada com o uso excessivo da força pelos militares e com a perda de vidas de civis inocentes à medida que os combates se intensificam em todo o país.

    “O KNU continuará a lutar contra a ditadura militar e fornecerá o máximo de proteção possível às pessoas e civis desarmados”, disse o órgão em um comunicado.

    Os militares dizem que tomaram o poder para proteger a democracia porque suas queixas de fraude nas eleições de novembro vencidas pelo partido de Aung San Suu Kyi foram ignoradas.

    Imigrantes ilegais presos na Malásia
    Imigrantes ilegais de diversos países, incluindo Mianmar, presos na fronteira da Malásia.
    Foto: Zahim Mohd/NurPhoto via Getty Images

    Protestos em Mianmar

    Protestos anti-junta ocorreram no estado de Kachin, Dawei, região de Sagaing e na capital comercial, Yangon, na quinta-feira, com manifestantes carregando faixas e fazendo gestos de desafio com três dedos.

    Alguns mostraram apoio aos que resistem ao regime militar em Mandalay, a segunda maior cidade, onde um tiroteio ocorreu entre o exército e um grupo guerrilheiro recém-formado na terça-feira (21), o primeiro sinal de confrontos armados em um grande centro urbano desde o golpe.

    A Myawaddy Television, propriedade dos militares, disse que quatro membros da milícia foram presos na quinta-feira, descrevendo-os como “terroristas”.

    Pelo menos 877 pessoas foram mortas pelas forças de segurança e mais de 6.000 presas desde o golpe, de acordo com a Associação de Prisioneiros Políticos (AAPP), um grupo de defesa que a junta declarou uma organização ilegal.

    Um esforço diplomático dos países do Sudeste Asiático para conter a violência e iniciar o diálogo entre todos os lados foi paralisado e os generais dizem que manterão seu plano de restaurar a ordem e realizar eleições em dois anos.

    Protesto pacífico contra o regime militar
    Protesto pacífico contra o regime militar em Mianmar faz homenagens às vítimas assassinadas
    Foto: Ceng Shou Yi/NurPhoto via Getty Images

    Em seu boletim de notícias noturno, o MRTV estatal relatou a visita do líder da junta, general Min Aung Hlaing, à Rússia, onde uma universidade militar o nomeou professor honorário.

    Ao contrário da maioria das potências globais, a Rússia abraçou a junta e o país há muito tempo é uma fonte-chave do armamento de Mianmar. Sua visita ocorre em meio à pressão internacional sobre os países para que não vendam armas aos militares ou façam negócios com sua vasta rede de empresas.

    A mídia estatal divulgou na quinta-feira trechos de um discurso de Min Aung Hlaing na Rússia, no qual ele disse que é necessário que os países evitem invadir a soberania de outra nação.

    “Mianmar está se esforçando para restaurar a paz e estabilidade política”, disse ele. “O atual governo está se concentrando no reaparecimento da honestidade sobre a democracia.”

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