Onda de calor na Europa é efeito das mudanças climáticas, afirma especialista
À CNN Rádio, o professor Pedro Côrtes explicou que a recuperação florestal seria capaz de amenizar as mudanças aceleradas observadas nos últimos anos
As altas temperaturas causadas pela onda de calor que atinge a Europa e o hemisfério norte como um todo, com recorde de temperaturas, são “efeitos das mudanças climáticas”.
Esta é a avaliação do professor do Instituto de Energia e Ambiente da USP, Pedro Côrtes, em entrevista à CNN Rádio.
Segundo ele, essas mudanças “estão chegando de maneira mais acentuada do que imaginava no início e com intensidade muito grande em termos geográficos, ou seja, a gente não verifica aumento de temperatura apenas em uma região ou cidade, toda a Europa e agora os Estados Unidos são atingidos.”
Côrtes afirma que estes eventos extremos – como recorde de temperaturas no Reino Unido e incêndios florestais em Portugal – eram eventos atípicos, mas, que agora, acontecem frequentemente.
“As mudanças climáticas levam à mudança grande no padrão de aquecimento do oceano e consequentemente da atmosfera, isso faz com que correntes marítimas sofram alterações”, explicou.
Isso significa que, no caso da Europa, os ventos que sopram de Oeste para Leste, sejam interrompidos na região perto da Inglaterra e também haja uma massa de ar quente injetada em países como Espanha e Portugal.
“São alterações nos padrões que antes eram de determinada maneira, e o risco é que se torne permanente.”
Segundo o professor, as medidas propostas pelas convenções do clima, para corte de emissões de gases de efeito estufa, têm se mostrado insuficientes.
De acordo com Pedro Côrtes, o cenário poderia ser mudado “de maneira fácil com a recuperação florestal”, que ajudaria na retirada de carbono da atmosfera.
“Temos crescimento das árvores e, pela fotossíntese, elas utilizam esse carbono retirado e devolvem oxigênio de volta. Se mercado de carbono regulado no Brasil, na Amazonia, Cerrado, ajudariam nisso e seríamos pagos por isso”, ressaltou.
Para ajudar a compreender o fenômeno do aquecimento global, Côrtes faz uma comparação: “É como se o aumento da liberação de carbono aumentasse a espessura do ‘cobertor’ que retém o calor que vem do sol.”
É um processo similar a ter uma panela no fogão e aumentar o a potência do fogo. “Estamos aquecendo mais os oceanos e atmosferas, com maior velocidade.”
O professor afirma que o Brasil não está imune à variação de temperatura e lembra que, no último ano, o país sofreu com secas, chuvas recordes, frente fria inédita e até um ciclone no Rio Grande do Sul.
*Com produção de Isabel Campos