Oito pessoas morrem após ataque de Israel em escola da ONU em Gaza, dizem funcionários
Forças israelenses alegaram que tomaram medidas "para evitar danos a civis"
Oito pessoas foram mortas em um ataque israelense contra uma escola da ONU em Gaza, segundo funcionários de hospitais da região nesta quarta-feira (2).
Pessoas feridas, incluindo crianças, foram levadas às pressas para o hospital Al Aqsa Martyrs após uma ofensiva ao prédio da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA, da sigla em inglês).
A Força Aérea de Israel conduziu um “ataque preciso” contra uma antiga escola para meninas na área, disse as Forças de Defesa de Israel (FDI), alegando que o local estava sendo usado como centro de comando e controle pelo Hamas.
“O centro de comando e controle, que estava embutido em um complexo que anteriormente era a ‘Escola para Meninas Nuseirat’, foi usado pelo Hamas para planejar e executar ataques terroristas contra as tropas das FDI e o Estado de Israel”, pontuou o comunicado das FDI.
As forças israelenses acrescentaram que tomaram “várias medidas” para diminuir o perigo para os civis, “incluindo o uso de munições precisas, vigilância aérea e inteligência adicional”.
Imagens da CNN mostraram várias crianças feridas chegando ao hospital Al Aqsa Martyrs, incluindo Hala, de 3 meses. Ela foi levada às pressas para a sala de emergência e colocada em uma cama que não tinha colchão. O corpo de Hala estava coberto por ferimentos por estilhaços e sua cabeça estava envolta em uma bandagem branca. Quando um médico examinou suas feridas, ela estremeceu. Ao virá-la, percebeu-se que ela havia sido queimada.
“De repente, o foguete atingiu e todos desapareceram”, comentou a avó de Hala à CNN. “Esta é minha neta, Hala Ahmad. Ela tem 3 meses. Não sei onde está a mãe dela. Peguei os pequenos e corri. Não sei o que aconteceu com a mãe deles”, ela acrescentou.
O vídeo também mostrou um homem caído no chão, coberto de sangue e ferimentos. Na cama ao lado dele, outra criança ferida estava inconsciente. Outra foi levada ao pronto-socorro e colocada na cama ao lado do bebê.
“Eu estava dormindo. Minha filha estava comigo na escola. De repente, um foguete atingiu o quarto em que estávamos. Minha filha foi morta e minha outra está lá dentro”, compartilhou, Riham Qannufa, outra testemunha à CNN.
Entenda a escalada nos conflitos do Oriente Médio
O ataque com mísseis do Irã a Israel no dia 1º marcou uma nova etapa do conflito regional no Oriente Médio. De um lado da guerra está Israel, com apoio dos Estados Unidos. Do outro, o Eixo da Resistência, que recebe apoio financeiro e militar do Irã e que conta com uma série de grupos paramilitares.
São sete frentes de conflito abertas atualmente: a República Islâmica do Irã; o Hamas, na Faixa de Gaza; o Hezbollah, no Líbano; o governo Sírio e as milícias que atuam no país; os Houthis, no Iêmen; grupos xiitas no Iraque; e diferentes organizações militantes na Cisjordânia.
Israel tem soldados em três dessas frentes: Líbano, Cisjordânia e Faixa de Gaza. Nas outras quatro, realiza bombardeios aéreos.
O Exército israelense iniciou uma “operação terrestre limitada” no Líbano no dia 30 de setembro, dias depois de Israel matar o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, em um bombardeio ao quartel-general do grupo, no subúrbio de Beirute.
As Forças de Defesa de Israel afirmam que mataram praticamente toda a cadeia de comando do Hezbollah em bombardeios semelhantes realizados nas últimas semanas. No dia 23 de setembro, o Líbano teve o dia mais mortal desde a guerra de 2006, com mais de 500 vítimas fatais.
Ao menos dois adolescentes brasileiros morreram nos ataques. O Itamaraty condenou a situação e pediu o fim das hostilidades.Com o aumento das hostilidades, o governo brasileiro anunciou uma operação para repatriar brasileiros no Líbano.
Na Cisjordânia, os militares israelenses tentam desarticular grupos contrários à ocupação de Israel ao território palestino.
Já na Faixa de Gaza, Israel busca erradicar o Hamas, responsável pelo ataque de 7 de outubro que deixou mais de 1.200 mortos, segundo informações do governo israelense. A operação israelense matou mais de 40 mil palestinos, segundo o Ministério da Saúde do enclave, controlado pelo Hamas.
O líder do Hamas, Yahya Sinwar, segue escondido em túneis na Faixa de Gaza, onde também estariam em cativeiro dezenas de israelenses sequestrados pelo Hamas.
Quase toda a população de Gaza foi deslocada em meio à nova ofensiva israelense