Obama lança campanha para que prefeitos promovam reformas de polícias nos EUA
Ex-presidente afirma que mudanças em protocolos de uso da força policial terão efeito se forem discutidos e adotados localmente
O ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama anunciou nesta quarta-feira (3) o lançamento de um manifesto para que prefeitos americanos se comprometam com reformas policiais diante dos protestos após a morte de George Floyd.
Obama citou a sua experiência como presidente e afirmou ter participado de pesquisas que mostrariam a ineficácia de ações coordenadas a nível nacional de combate à violência policial contra pessoas negras. “A maioria das reformas que devem ser feitas para prevenir o tipo de violência que temos visto devem ser feitas a nível local”, afirmou o ex-presidente, que participou de uma transmissão ao vivo no canal da Fundação Obama no YouTube.
A campanha é composta de um manifesto disponibilizado no site da entidade que leva o nome de Obama, em que prefeitos podem ler e assinar o texto, tendo os seus nomes disponibilizados na página. O ex-presidente listou passos que ele recomenda que sejam adotados pelos mandatários locais a fim de evitar casos como o ocorrido com George Floyd.
Os passos são simples e começam com a revisão da polícia local a partir das políticas e orientações que os policiais seguem no que diz respeito ao uso da força. Na sequência, Obama pede que os prefeitos promovam audiências para colher ideias e histórias de exemplos de acontecimentos locais. Um terceiro passo é a devolutiva dessa pesquisa e a formulação de uma nova política.
Obama afirmou que a comoção nacional após a morte de Floyd se junta a outro fator que, na sua visão, evidencia o racismo estrutural no país. Segundo o ex-presidente, as desigualdades sociais e raciais dos Estados Unidos colocaram os negros americanos em posição de mais vulnerabilidade diante da pandemia do novo coronavírus.
Este contexto, apesar de “trágico e assustador”, também deve ser aproveitado como uma “oportunidade” para mudanças, nas palavras do ex-presidente. O democrata afirmou que os apoiadores comprometidos com esse tópico devem ter em mente que as atenções populares mudam e que em algumas semanas não haverá mais a mesma força de mudança. “A atenção muda de foco e nós precisamos aproveitar o momento que foi criado para fazer algo”, disse.
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“Os resultados, e não apenas os desse momento, refletem o que vivemos ao longo da história. A escravidão, as leis de Jim Crow (leis de segregação racial que vigoraram no passado em estados do Sul dos Estados Unidos)… O racismo institucionalizado frequentemente tem sido a praga da nossa sociedade. As últimas semanas foram trágicas, difíceis, assustadoras e incertas, mas também tem sido uma oportunidade incrível para as pessoas acordarem sobre algumas coisas que estão subliminares, uma oportunidade para nós trabalharmos juntos para atacá-las, para mudar os Estados Unidos, fazê-los viver de acordo com os seus ideais”.
O ex-presidente afirmou que está “esperançoso” ao ver um grande número de jovens nos protestos, bem como a diversidade dos manifestantes, afirmando que não havia a presença de tantas pessoas brancas e de diversas origens nos protestos contra o racismo quando ele iniciou sua carreira política.
Barack Obama manifestou preocupação, no entanto, com um clima de discussão reportado a ele nas redes sociais a respeito de manifestantes que rejeitam a política institucional, enquanto outros não veem eficácia em protestos de rua. “Não é algo que seja uma coisa ou a outra. É o caso de se fazer ambos”, afirmou.