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    O que você deve acompanhar na primeira noite da convenção do Partido Democrata

    Discursos de Michelle Obama, Bernie Sanders e do republicano John Kasich devem ser os principais momentos do evento virtual para oficializar o nome de Joe Biden

    Eric Bradner e Gregory Krieg, da CNN

    A Convenção Nacional Democrata nos Estados Unidos que definirá Joe Biden como candidato começa nesta segunda-feira (17) com um evento virtual de duas horas, cujo principal tema será a união.

    Será um evento diferente de qualquer outro: a pandemia do novo coronavírus forçou o partido a desistir de realizar sua convenção de forma presencial na cidade de Milwaukee, no estado do Wisconsin.

    Em vez disso, haverá discursos em vários locais dos EUA e sem as grandes multidões que são tradicionalmente vistas nesses eventos. Todos estarão voltados para um único ponto: a transição para uma convenção virtual funcionará?

    O evento de quatro noites começa em um momento em que a vantagem do ex-vice-presidente Joe Biden sobre Donald Trump nas últimas pesquisas mostra sinais de enfraquecimento.

    Em uma pesquisa da CNN divulgada na noite de domingo (16), 50% dos eleitores registrados apoiaram Biden enquanto 46% preferiram Trump. Os números colocam os dois em uma situação de empate técnico, já que a margem de erro da pesquisa é de 4 pontos percentuais para mais ou para menos.

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    Entre os principais oradores da noite estão a ex-primeira-dama Michelle Obama, o senador Bernie Sander e um político republicano: John Kasich, ex-governador de Ohio.

    Michelle e Sanders estão entre os nomes mais populares entre os democratas. Já Kasich, um ex-pré-candidato à presidência, representará o emblemático grupo de republicanos anti-Trump que Biden espera conquistar em novembro.

    Veja abaixo quais são os principais pontos da convenção, que começa às 22h (23h de Brasília) desta segunda e terminará na quinta-feira (21) com a aceitação da indicação por parte de Biden.

    Evento virtual

    Os principais palcos da convenção foram montados em Nova York, Los Angeles, Milwaukee e na casa de Biden em Wilmington, no estado de Delaware – onde ele e sua companheira de chapa, a senadora pela Califórnia Kamala Harris, farão seus discursos.

    Apresentadores principalmente de Los Angeles conduzirão os programas de duas horas todas as noites, enquanto os oradores farão seus comentários de locais históricos de todo o país. 

    Enquanto isso, produtores em Wilmington monitorarão centenas de transmissões ao vivo de todo os Estados Unidos – parte de um esforço para criar entusiasmo e adicionar momentos de reação às transmissões.

    Se os democratas conseguirem manter o público ligado e envolvido, isso pode mudar a maneira como as convenções políticas são conduzidas nos EUA.

    O que Michele Obama dirá?

    Michelle Obama (D) disse estar com ‘leve depressão’
    Michelle Obama (D) fez discursos memoráveis nas últimas convenções democratas; sua fala neste ano pode injetar otimismo entre eleitores de Joe Biden
    Foto: Yen Duong – 9.dez.2019/ Reuters

    Michelle Obama é uma das figuras públicas mais populares dos EUA – com destaque para seu discurso na convenção democrata de 2016. “Quando eles vão para baixo, nós vamos para cima”, afirmou, na ocasião.

    Ela foi responsável por outro dos momentos mais memoráveis da convenção de quatro anos atrás quando disse: “Eu acordo todas as manhãs em uma casa que foi construída por escravos”, em referência à forma como a Casa Branca foi feita.

    Mas seu discurso nesta segunda-feira ocorrerá em um momento diferente – um em que Trump concorre à reeleição em meio a uma pandemia global e a protestos contra o racismo.

    Recentemente, em um podcast, ela disse que está sofrendo de uma “leve depressão” por causa da pandemia e de conflitos raciais alimentados por Trump. “Estou acordando no meio da noite porque estou preocupada com alguma coisa ou há um peso”, disse ela.

    Em uma noite dedicada a uma mensagem de união, como Michele Obama injetará otimismo na ansiedade que os democratas sentem sobre o mandato de Trump – e a eleição de novembro – pode ser o momento mais importante do dia.

    Sanders no centro das atenções

    O pré-candidato democrata à Presidência dos EUA, Bernie Sanders
    O senador Bernie Sanders deve aproveitar espaço para convencer eleitores a votarem em Biden e, ao mesmo tempo, defender sua plataforma progressista
    Foto: Lucas Jackson – 11.mar.2020/ Reuters

    Desde que ele desistiu de disputar a Casa Branca, Sanders tem trabalhado para conter qualquer potencial insurreição contra Biden pela ala de esquerda do partido. O ex-vice-presidente retribuiu o favor dando luz verde a uma série de “forças-tarefa de união” – um reconhecimento público da crescente influência do movimento progressista.

    Na noite desta segunda, Sanders receberá sua maior plataforma desde seu debate final com Biden. Desta vez, porém, ele caminhará sobre uma linha tênue – simultaneamente tentará atrair sua jovem base em nome de Biden, enquanto também usa os holofotes para defender sua própria agenda política.

    Sanders não costuma testar novo material diante de grandes públicos, então sua mensagem para os telespectadores será familiar: que Trump é uma ameaça única à democracia norte-americana e que, se ele não for derrotado pelo indicado democrata em novembro, todas as prioridades de Sanders e de seus apoiadores serão frustradas.

    Com Biden na Casa Branca, como Sanders disse repetidamente, os progressistas terão a oportunidade de fazer avançar sua causa. Haverá muito tempo “após a eleição” para uma luta intrapartidária, disse Sanders há algumas semanas.

    Espaço para os menos conhecidos

    Para políticos com perfil menos estabelecido, a primeira noite da convenção será uma oportunidade única.

    O senador pelo Alabama Doug Jones é um dos que espera ser favorecido. Ele é considerado um azarão em sua tentativa de reeleição contra o indicado republicano e ex-técnico de futebol americano Tommy Tuberville. Um discurso empolgante poderia convencer os democratas de fora do estado a prestar mais atenção à disputa – e inundar sua campanha com novas doações.

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    A governadora de Michigan, Gretchen Whitmer, e a senadora de Nevada, Catherine Cortez Masto, também discursam nesta segunda. Whitmer esteve entre os finalistas na busca de Biden por uma companheira de chapa. Há relatos de que Cortez Masto estava em uma lista inicial para a mesma vaga.

    A senadora pelo Minnesota, Amy Klobuchar, uma das primeiras cotadas para a vaga de vice-presidente, terá sua primeira chance de se dirigir a um grande público desde que saiu das primárias presidenciais e endossou Biden.

    O governador de Nova York, Andrew Cuomo, que viu seu perfil nacional se destacar pela forma como enfrentou a pandemia do novo coronavírus em seu estado, também falará na noite de segunda-feira. Ele provavelmente apresentará o tipo de argumento direto contra a liderança de Trump durante a crise de saúde pública que Biden tornou central em sua campanha.

    Ninguém questiona a estrela do deputado Jim Clyburn, da Carolina do Sul. Ele é um conselheiro influente e da confiança de Biden. Nesta noite, porém, terá a chance de se apresentar sozinho e defender seu candidato.

    Um republicano na convenção

    Republicano John Kasich é um dos principais nomes anti-Trump no partido
    O republicano John Kasich é um dos principais nomes dentro do movimento anti-Trump no partido
    Foto: Reprodução/ JohnKasich/ Facebook

    A figura mais improvável a discursar na primeira noite da convenção democrata será John Kasich, o ex-governador republicano de Ohio.

    Kasich foi candidato à indicação republicana em 2016 e se tornou uma voz proeminente do movimento “Never Trump” (Trump Nunca, em tradução livre) dentro de seu partido. E, embora sua escolha para um discurso na convenção irrite os progressistas, entregar um papel de orador a um republicano poderia ajudar a campanha de Biden a atingir a tão sonhada união.

    Há uma história de partidos políticos convidando um ex-rival político para sua convenção. Em 2008, o então senador por Connecticut Joe Lieberman – apenas oito anos depois de ser o candidato democrata à vice-presidência – falou na Convenção Nacional Republicana a favor do então senador pelo Arizona John McCain. 

    Em 2012, Charlie Crist, que já havia governado a Flórida quando era republicano (e agora é um congressista democrata), apoiou a reeleição do ex-presidente Barack Obama na convenção daquele ano.

    A mensagem de Kasich provavelmente será orientada para a necessidade de um governo funcional. Como candidato à presidência em 2016, ele sempre elogiou seu papel como ex-presidente do orçamento da Câmara, que negociou planos de gastos com superávit com o ex-presidente Bill Clinton.

    (Texto traduzido, clique aqui para ler o original em inglês)

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