O que se sabe sobre a queda de helicóptero que matou seis pessoas nos EUA
Aeronave fazia passeio turístico com família espanhola e caiu 16 minutos após decolar


Um helicóptero turístico caiu no Rio Hudson na quinta-feira (10), transformando um passeio em família em Nova York em uma tragédia.
O helicóptero transportava seis pessoas, incluindo três crianças e um executivo da Siemens — um conglomerado multinacional de tecnologia alemão.
Ele decolou de um heliporto no bairro de Manhattan e seguiu uma rota conhecida: circundando a Estátua da Liberdade, planando para o norte ao longo do Rio Hudson em direção à Ponte George Washington e, em seguida, virando para o sul.
Cerca de 16 minutos após a decolagem, a aeronave caiu na água, segundo análises da CNN e do serviço global de rastreamento de voos FlightRadar24.
Testemunhas descreveram o helicóptero virando e girando em espiral antes de cair de cabeça para baixo, espalhando destroços pelo rio.
“O helicóptero estava com o nariz ligeiramente para baixo, e eu vi a hélice se separando dele. Ela continuou girando sozinha no ar. Não havia nada preso a ela”, disse Sarah Jane Raymond Ryer, que viu o acidente acontecer, à afiliada da CNN, WCBS.
Um vídeo obtido pela CNN mostra as pás do motor se soltando do helicóptero e voando.
Família e piloto morreram
Entre as vítimas está Agustín Escobar, de 49 anos, executivo da Siemens, e sua família. O prefeito de Nova York, Eric Adams, disse que eles estavam visitando a cidade vindos da Espanha.
“Estamos profundamente tristes com o trágico acidente de helicóptero em que Agustín Escobar e sua família perderam a vida. Nossas sinceras condolências a todos os seus entes queridos”, declarou um porta-voz da Siemens Mobility em um comunicado à CNN.
Escobar atuou como CEO de Infraestrutura Ferroviária da Siemens Mobility na Espanha, a divisão de soluções de transporte da Siemens.

“Nossos corações estão com a família daqueles que estavam a bordo”, disse Adams durante uma coletiva de imprensa.
O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, expressou suas condolências, chamando o ocorrido de “uma tragédia inimaginável”.
Las noticias que hoy nos llegan del accidente de helicóptero en el río Hudson son devastadoras.
Cinco españoles de una misma familia, tres de ellos niños, y el piloto han perdido la vida. Una tragedia inimaginable.
Acompaño en el dolor a los allegados de las víctimas en este…
— Pedro Sánchez (@sanchezcastejon) April 10, 2025
O piloto também morreu, embora as autoridades ainda não tenham divulgado sua identidade.
A CNN entrou em contato com o Departamento de Polícia de Nova York e a Guarda Costeira dos EUA para obter mais informações sobre as vítimas.
O acidente
A causa do acidente permanece obscura, mas sua queda repentina surpreendeu testemunhas enquanto os socorristas corriam para resgatar as vítimas.
O helicóptero decolou às 14h59, do heliponto do centro de Manhattan, seguindo uma rota turística popular, disse a Comissária do Departamento de Polícia de Nova York, Jessica Tisch.
Após circundar a Estátua da Liberdade, voou para o norte ao longo do Rio Hudson, alcançando a Ponte George Washington às 15h08.
Em seguida, virou para o sul ao longo da costa de Nova Jersey, onde perdeu o controle logo em seguida, continuou ela.
A visibilidade naquele momento era de 16 km, embora a região estivesse nublada, com ventos de 16 a 24 km/h e rajadas de até 40 km/h.
Um sistema meteorológico deveria trazer chuva leve no final da tarde.
Às 15h17, várias ligações para o 911 relataram um acidente perto do Parque Pier A em Hoboken, Nova Jersey.
Testemunhas relataram que o helicóptero pareceu parar no ar antes que se quebrasse em pedaços, consistente com os relatórios preliminares de emergência, explicou.

Socorristas da Polícia de Nova York e do Corpo de Bombeiros retiraram seis pessoas da água.
Quatro vítimas foram declaradas mortas no local e outras duas sucumbiram aos ferimentos logo depois, contou Tisch.
Duas crianças foram transportadas para o Centro Médico de Jersey City, onde foram posteriormente declaradas mortas, anunciou o prefeito de Jersey City, Steven Fulop, no X.
Terrible situation with crash of a tourist helicopter in the Hudson. Family from Spain. All 6 passengers now confirmed as deceased. Jersey City continues to be the lead on investigation till we pass to NTSB. The two juveniles were taken to the JCMC and both pronounced a short…
— Steven Fulop (@StevenFulop) April 10, 2025
A fuselagem principal da aeronave foi recuperada do rio na noite de quinta-feira (10), embora as autoridades tenham anunciado que as operações de mergulho continuarão nesta sexta-feira (11), informou a WCBS.
Acidentes de segurança anteriores
A empresa que opera o helicóptero esteve envolvida em dois casos de segurança investigados pelas autoridades federais de aviação.
Em 2015, um piloto da empresa New York Helicopter Charter foi forçado a pousar em Nova Jersey após pairar a 6 metros de altura por um curto período.
Uma inspeção inicial mostrou que “pode ter havido remoção de corrosão” de partes do helicóptero e alguns componentes do helicóptero podem ter sido deformados a ponto de serem “considerados inaptos a voar”, segundo um inspetor da Administração Federal de Aviação (FAA na sigla em inglês) na época.
O mesmo helicóptero esteve envolvido em um acidente no Chile em 2010.
Em 2013, um piloto da empresa foi forçado a pousar uma aeronave com quatro passageiros na água perto de Manhattan após ouvir um “estrondo” seguido de um “alerta sonoro de motor desligado”.
O piloto inflou os flutuadores do helicóptero e resgatou os passageiros em segurança em um barco que se aproximava.
“A única coisa que posso dizer é que estamos devastados”, explicou Michael Roth, CEO da empresa que opera o voo, à CNN sobre o acidente de quinta-feira. “Sou pai, avô e minha esposa não para de chorar desde esta tarde.”
Quando questionado sobre a manutenção do helicóptero, ele respondeu: “Isso é algo que meu diretor de manutenção cuida”. O diretor de manutenção não quis comentar.
Os registros de manutenção não são acessíveis ao público, e o NTSB restringe o que as empresas podem divulgar durante uma investigação em andamento.
Detalhes da aeronave: Um modelo com histórico conturbado
O helicóptero, um Bell 206L-4 LongRanger IV, foi construído em 2004 e possuía um certificado de aeronavegabilidade emitido em 2016, válido até 2029, segundo registros da FAA.
Os registros de manutenção não são públicos e, durante as investigações, as regras do Conselho Nacional de Segurança nos Transportes (NTSB) proíbem as empresas de divulgar certas informações relacionadas ao acidente.
A investigação sobre a causa do acidente analisará a documentação de todo o trabalho realizado na aeronave. Isso incluiria a conformidade da empresa com duas diretrizes de aeronavegabilidade emitidas recentemente pela FAA.
Uma diretiva de maio de 2023 exigia o teste e a possível substituição dos eixos de transmissão do rotor de cauda em oito modelos diferentes do Bell 206L, incluindo o 206L-4.
Essa diretiva foi motivada por um incidente em que um helicóptero Bell 206L sofreu a perda de um eixo de transmissão do rotor de cauda devido a uma falha na junta.
A FAA também emitiu uma diretiva de aeronavegabilidade em dezembro de 2022 para os modelos Bell 206L, com peças específicas que exigiam inspeção e possível substituição das pás do rotor principal dos helicópteros devido à “delaminação”.
Isso se refere à separação das camadas na pá devido à fadiga do material, danos (por colisões com pássaros, por exemplo) ou erros de fabricação, o que poderia levar à falha da pá do rotor.
Ainda não está claro se algum desses problemas teve algum papel no acidente de quinta-feira.
Investigação em andamento
Tanto a FAA quanto o NTSB estão investigando o acidente.
O NTSB enviou uma equipe ao local para examinar os destroços e revisar os registros de manutenção, informou nas redes sociais.
O helicóptero voava na Área de Regras Especiais de Voo de Nova York, onde o suporte do controle de tráfego aéreo é limitado, afirmou o Secretário de Transportes, Sean Duffy, em uma publicação no X.
We pray for the victims and their families.
Here’s what we know:
The tour helicopter was in the Special Flight Rules Area established in New York which means no air traffic control services were being provided when the helicopter crashed. Several minutes prior to entering the… https://t.co/aQ4vsREOOJ
— Secretary Sean Duffy (@SecDuffy) April 11, 2025
Duffy acrescentou que o helicóptero recebeu assistência de tráfego aéreo do Aeroporto LaGuardia pouco antes de entrar na zona não controlada.