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    O que sabemos sobre o vazamento nos gasodutos russos

    Autoridades europeias acreditam que pode ter sido sabotagem na infraestrutura que está no meio de uma crise de energia desde a invasão da Ucrânia pela Rússia

    Chris Liakosda Reuters

    Vários países europeus estavam investigando vazamentos inexplicáveis em dois gasodutos russos, Nord Stream 1 e Nord Stream 2, que passam sob o Mar Báltico, perto da Suécia e da Dinamarca. A infraestrutura está no centro de uma crise de energia desde a invasão da Ucrânia pela Rússia.

    Várias autoridades europeias disseram que a sabotagem parece ser a causa provável, enquanto a Rússia, que construiu a rede, não descartou a possibilidade.

    O ministro norueguês de Petróleo e Energia, Terje Aasland, disse na terça-feira (27) que as informações iniciais recebidas sobre os vazamentos indicavam “atos de sabotagem”.

    A primeira-ministra sueca Magdalena Andersson e sua colega dinamarquesa Mette Frederiksen disseram que o incidente provavelmente foi “deliberado”, mas minimizou a possibilidade de uma ameaça militar.

    Em Moscou, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse a repórteres: “Nenhuma opção pode ser descartada neste momento”.

    Ambos os oleodutos foram focos de uma guerra energética cada vez maior entre as capitais europeias e Moscou, que atingiu as principais economias ocidentais, elevou os preços do gás e provocou uma busca por fontes alternativas de energia.

    De acordo com o operador de gasodutos Nord Stream AG, atualmente não é possível estimar “um prazo para restaurar a infraestrutura de transporte de gás”. Em um comunicado na terça, ele acrescentou que quedas de pressão no oleoduto sugerem que danos físicos ocorreram.

    Autoridades de segurança alemãs, dinamarquesas e escandinavas estavam observando de perto os vazamentos no Mar Báltico e investigando sua causa, de acordo com o ministro da Economia alemão, Robert Habeck, que também disse que o fornecimento de energia alemão não foi afetado.

    No início do dia, a autoridade marítima sueca havia emitido um aviso sobre dois vazamentos no gasoduto Nord Stream 1, logo após um vazamento ter sido descoberto no gasoduto Nord Stream 2 nas proximidades.

    Uma série de vazamentos

    Nenhum dos oleodutos estava bombeando gás para a Europa no momento em que os vazamentos foram encontrados, mas os incidentes acabarão com qualquer esperança restante de que a Europa possa receber gás via Nord Stream 1 antes do inverno.

    “A destruição que ocorreu no mesmo dia simultaneamente em três cadeias de dutos offshore do sistema Nord Stream é sem precedentes”, disse a operadora de rede Nord Stream AG. “Ainda não é possível estimar o momento da restauração da infraestrutura de transporte de gás”.

    Embora nenhum dos dois estivesse em operação, ambos os dutos ainda continham gás pressurizado.

    O ministro da Energia dinamarquês, Dan Jorgensen, disse em um comentário por escrito que um vazamento de gás foi detectado no Nord Stream 2 na segunda-feira entre a Rússia e a Dinamarca.

    A Gazprom, empresa controlada pelo Kremlin que detém o monopólio das exportações russas de gás de gasoduto, não quis comentar.

    A Rússia cortou o fornecimento de gás para a Europa via Nord Stream 1 antes de interromper totalmente os fluxos em agosto, culpando as sanções ocidentais por causar dificuldades técnicas. Políticos europeus dizem que foi um pretexto para deixar de fornecer gás.

    O novo gasoduto Nord Stream 2 ainda não havia entrado em operação comercial. O plano de usá-lo para fornecer gás foi descartado pela Alemanha dias antes de a Rússia enviar tropas para a Ucrânia em fevereiro.

    A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse na terça-feira que qualquer ato deliberado para interromper a infraestrutura energética da Europa é “inaceitável e “levaria à resposta mais forte possível”.

    Quem se beneficiaria?

    Os especialistas também concordaram que o dano pode ser intencional.

    Jakub Godzimirski, professor de pesquisa do Instituto Norueguês de Relações Exteriores especializado em política energética russa, disse que os vazamentos podem ter sido falhas técnicas, mas acrescentou que a sabotagem é uma possibilidade.

    “Há algumas indicações de que isso é um dano deliberado”, disse uma fonte de segurança europeia, acrescentando que ainda é muito cedo para tirar conclusões.

    “É preciso perguntar: quem se beneficiaria?” Os vazamentos ocorreram pouco antes do lançamento cerimonial de terça-feira do Baltic Pipe, que transporta gás da Noruega para a Polônia, uma peça central dos esforços de Varsóvia para diversificar além do abastecimento russo.

    A Autoridade de Segurança do Petróleo da Noruega (PSA) exortou as empresas petrolíferas na segunda-feira a ficarem atentas a drones não identificados vistos voando perto das plataformas offshore de petróleo e gás da Noruega, alertando sobre possíveis ataques.

    Um porta-voz da Administração Marítima Sueca (SMA) disse que houve dois vazamentos no Nord Stream 1, um na zona econômica sueca e outro na zona dinamarquesa, acrescentando que ambos os vazamentos ocorreram em uma área a nordeste da ilha dinamarquesa de Bornholm. “Estamos mantendo vigilância extra para garantir que nenhum navio chegue muito perto do local”.

    Os navios podem perder a flutuabilidade se entrarem na área, e pode haver o risco de o gás vazado se inflamar acima da água e no ar, disse a agência de energia dinamarquesa, acrescentando que não há riscos de segurança associados ao vazamento. 

    Os sismólogos detectaram explosões em uma área perto dos oleodutos Nord Stream na segunda-feira, mas não está claro se esses eventos estavam conectados aos oleodutos.

    O vazamento afetaria apenas o meio ambiente localmente, ou seja, apenas a área onde a pluma de gás está na coluna d’água seria afetada, disse ele, acrescentando que a fuga do gás metano do efeito estufa teria um impacto prejudicial no clima.

    As autoridades dinamarquesas pediram que o nível de preparação da Dinamarca para o setor de energia e gás fosse aumentado após os vazamentos, um passo que exigiria procedimentos de segurança mais elevados para instalações e instalações elétricas.

    “Falhas de gasodutos acontecem muito raramente… Queremos garantir um monitoramento abrangente da infraestrutura crítica da Dinamarca para fortalecer a segurança do fornecimento no futuro”, disse o chefe da agência de energia dinamarquesa, Kristoffer Bottzauw

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