O que é o Regeneron, coquetel de anticorpos contra a Covid-19 que Trump tomou
Cientistas da empresas selecionaram dois anticorpos que melhor neutralizaram em laboratório uma versão do novo coronavírus
A Casa Branca confirmou que os médicos que atendem o presidente Donald Trump deram a ele nesta sexta-feira (2) uma dose única, de oito gramas, do coquetel experimental de anticorpos da Regeneron para tratar a Covid-19.
A Regeneron, uma empresa de biotecnologia baseada em Nova York, confirmou que forneceu o remédio para os médicos do presidente a partir do que é conhecido como “pedido de uso compassivo”.
O uso compassivo acontece quando medicamentos em fase de testes podem ser ministrados em pacientes que não fazem parte dos estudos clínicos, a partir de uma demanda individual.
Anticorpos
A terapia é conhecida como REGN-COV2. A companhia define o tratamento como um “coquetel” de dois anticorpos monoclonais.
Anticorpos policlonais são feitos usando diversas diferentes células imunes que são clones de uma determinada célula-mãe.
Para fazer esse tratamento de anticorpos monoclonais, os cientistas da Regeneron selecionaram dois anticorpos que melhor neutralizaram uma versão do novo coronavírus em testes de laboratório. Então, eles clonaram esses anticorpos e colocaram com um tratamento.
Para a Regeneron, esses dois anticorpos são os que melhor vão funcionar conforme o vírus passe por mutações.
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Testes
A companhia iniciou o tratamento usando o coquetel em humanos no mês de junho deste ano. Os testes iniciais sinalizaram que o medicamento é seguro.
Na terça-feira (29), a companhia anunciou resultados de 275 pacientes não-hospitalizados em uma última etapa de testes. A pesquisa verificou, diz a empresa, que o coquetel foi seguro e aparentou reduzir as cargas virais e melhorar os sintomas dos pacientes com a Covid-19.
As grandes melhoras verificadas em pacientes ocorreram em pacientes que não haviam até então verificado uma resposta imune do novo coronavírus.
Os pacientes no teste eram mais jovens, no entanto, que Trump. A idade média era de 44 anos de idade. Mais de 40% dos pacientes eram obesos, como o presidente dos Estados Unidos, e um total de 64$ dos pacientes tinham um ou mais fator de risco para casos graves de Covid-19.
Os resultados dos estudos não foram ainda revisto por seus pares e apenas os dados principais foram disponibilizados pela empresa em seu comunicado à imprensa.
Especialistas de doenças infecciosas de fora da empresa afirmam que os resultados parecem “muito promissores”, mas que precisariam ver o resultado de testes de um número maior de pacientes.
O que vem agora
A empresa afirma que vai continuar a estudar esse tratamento. Há mais dados por vir a partir desse teste, de um outro que envolve pacientes hospitalizados e de um terceiro que está sendo testado de forma preventiva em pessoas que tiveram contato dentro de casa com alguém que teve a Covid-19.
A Regeneron negocia com reguladores a possibilidade de a Administração de Comida e Medicamentos (FDA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos considerar uma autorização emergencial do medicamento.
Há cerca de 70 diferentes tratamentos para a Covid-19 a partir de anticorpos sendo testados.
Trump em ‘corrida’ contra a Covid-19
Em entrevista ao jornalista da CNN Wolf Blitzer, o médico Leonard Schleifer, CEO da Regeneron, afirmou que o presidente Donald Trump está em uma “corrida” contra o coronavírus.
Segundo ele, o objetivo do coquetel fornecido pela sua empresa ao presidente é fazer com que o corpo do paciente possa travar “uma luta justa” contra o novo coronavírus.
“Ele está em uma corrida em que seu sistema imunológico está competindo contra o vírus, e se o vírus vencer, você pode ter consequências terríveis, obviamente, e o que nossos anticorpos fazem é torná-la uma luta justa”, disse Schleifer.
“Ele está em um grupo de risco mais alto por uma série de razões, como ser mais velho, e se dermos nossos anticorpos, esperamos dar a seu sistema imunológico um impulso suficiente para que ele possa vencer e ter uma recuperação completa”, completou o CEO da Regeneron.
(Com informações de Jen Christensen e Shelby Lin Erdman, da CNN).