O que é o Baluchistão, província do Paquistão atacada pelo Irã
Ataques mútuos aumentaram ainda mais o receio de um conflito entre diversos países do Oriente Médio e região próxima
Paquistão e Irã realizaram ataques contra territórios um do outro nesta semana, aumentando ainda mais o receio de um conflito entre diversos países do Oriente Médio e região próxima.
Na terça-feira (16), o Irã atacou a província paquistanesa do Baluchistão. O governo do Paquistão afirmou que duas crianças morreram na ação; já autoridades iranianas disseram que destruíram dois redutos do grupo sunita Jaish al-Adl.
Nesta quinta-feira (18), foi a vez do Paquistão atacar o que disse serem esconderijos de combatentes separatistas no Irã, na região Sistão-Baluchistão.
Saiba abaixo o que é o Baluchistão e por que a província foi atacada.
O que é o Baluchistão?
O Baluchistão é a maior província do Paquistão em tamanho. Ainda assim, é a menor em população, abrigando cerca de 15 milhões de pessoas.
Esse território é predominantemente árido, desértico e montanhoso, contendo riquezas minerais inexploradas.
O Baluchistão faz fronteira com a província iraniana de Sistão-Baluchistão — onde o Paquistão atacou.
Essa região paquistanesa é local-chave no Corredor Econômico China-Paquistão, que faz parte da iniciativa Cinturão e Rota do presidente Xi Jinping.
A China empreendeu projetos de mineração na área e construiu um aeroporto internacional e um porto na cidade costeira de Gwadar, no sul da província.
A mineradora canadense Barrick Gold possui participação de 50% na mina Reko Diq, no distrito de Chagai, no Baluchistão. O restante é propriedade do governo do Paquistão e da província.
A Barrick considera a mina um dos maiores locais subdesenvolvidos do mundo para cobre e ouro.
Quem são os separatistas Balúchis?
O povo da região Balúchi, que engloba territórios no Paquistão, no Irã e no Afeganistão, se nega a ser governado tanto pelo Paquistão quanto pelo Irã.
Assim, grupos como o Exército de Libertação do Baluchistão (ELB) e a Frente de Libertação do Baluchistão (FLB) lutam pela independência, alegando que a população não é beneficiada com a exploração das riquezas naturais da área, com um suposto monopólio do governo.
Eles lutam há décadas contra os governos locais.
O ELB está entre os insurgentes que frequentemente atacam projetos de gás, infraestruturas e postos de segurança, mas começaram a lançar ataques em outras partes do Paquistão.
Também atacam projetos chineses e ocasionalmente matam trabalhadores chineses, apesar das garantias do Paquistão de que está fazendo tudo o que pode para proteger os projetos estrangeiros.
Os ataques do Paquistão e do Irã
A agência estatal de notícias do Irã diz que o país atacou redutos do grupo sunita Jaish al-Adl, conhecido no Irã como Jaish al-Dhulm, ou Exército da Justiça.
O grupo separatista opera em ambos os lados da fronteira Irã-Paquistão e assumiu anteriormente a responsabilidade por ataques contra alvos iranianos.
Seu objetivo final é a independência da província iraniana Sistão-Baluchistão.
O Jaish al-Adl fazia parte de um grupo sunita maior chamado Jundallah, que se desintegrou depois que o seu líder foi executado pelo Irã em 2010, de acordo com o Centro Nacional de Contraterrorismo do governo dos EUA.
Frequentemente, ele tem como alvo pessoal de segurança iraniano, funcionários do governo e civis xiitas, de acordo com o Centro Nacional de Contraterrorismo.
Já o Paquistão afirmou que realizou uma série de ataques contra esconderijos do Exército de Libertação do Baluchistão e da Frente de Libertação do Baluchistão dentro do Irã.
Em comunicado na quinta-feira (18), o ELB disse que não tem esconderijos no Irã e que nenhum combatente foi morto em ataques recentes. A FLB não comentou publicamente os ataques do Paquistão em território iraniano.
Vários militantes foram mortos durante a operação, acrescentou o Ministério das Relações Exteriores do Paquistão.