O que é a Cisjordânia e por que Israel e palestinos entram em confronto pela região
Região fica entre Jerusalém, reivindicada por palestinos e israelenses, e a Jordânia, onde vivem mais de 3 milhões de habitantes


Outro dos territórios motivo de disputa e guerras frequentes entre Israel e o grupo radical islâmico Hamas, a Cisjordânia é a maior das áreas dos palestinos. São quase 6 mil km², aproximadamente o tamanho do Distrito Federal.
Não tem acesso ao Mar Mediterrâneo, mas é banhado pelas águas do Mar Morto, e é cercado de assentamentos israelenses, apesar de ter quase 86% da população palestina, conforme relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) em 2021.
A região fica entre Jerusalém, reivindicada por palestinos e israelenses, e a Jordânia, onde vivem mais de 3 milhões de habitantes.
Por 400 anos, até 1917, a área da Cisjordânia estava sob domínio do Império Otomano como parte das províncias da Síria. Após o fim da Primeira Guerra Mundial, a Conferência de San Remo, em 1920, decidiu que as Potências Aliadas vitoriosas (França, Reino Unido, Estados Unidos) colocariam a área da Palestina sob responsabilidade de um Mandato Britânico.
A Resolução de San Remo, em 25 de abril de 1920, incorporou a Declaração Balfour de 1917 — declaração que é rechaçada pelo Hamas, grupo radical islâmico, em que o governo britânico diz garantir dar lar aos judeus. Essa declaração e o Artigo 22 do Pacto da Liga das Nações foram os documentos básicos para a construção do Mandato Britânico na região.
Os britânicos proclamaram Abdullah I como o emir da Transjordânia em 11 de abril de 1921, que declarou o país, hoje conhecido como Jordânia, um reino hachemita (descendente de árabes) independente em 25 de maio de 1946.
Em 1947, a região foi designada como parte de um futuro Estado árabe proposto pelo plano de divisão da Palestina feito pela ONU, como uma forma de tentar cessar a luta armada entre palestinos e israelenses. A resolução recomendava a divisão do Mandato Britânico em um Estado judeu, um Estado árabe e Jerusalém como um enclave administrado internacionalmente.
Porém, durante a Guerra Árabe-Israelense de 1948, que começou após essa tentativa de acordo, a área foi dominada pela Jordânia, enquanto Israel ocupava a área que hoje é a Faixa de Gaza.
Os Acordos de Armistício de 1949 definiram a fronteira provisória entre Israel e Jordânia. A área a oeste do Rio Jordão foi anexada à Jordânia e chamada de Cisjordânia. A anexação nunca foi formalmente reconhecida pela comunidade internacional, exceto por Reino Unido e Iraque.
O governo jordaniano durou até 1967, quando Israel tomou o território durante a Guerra dos Seis Dias, mesma época em que foram anexadas, também, a Península do Sinai, do Egito, as Colinas de Golã, da Síria, e a Faixa de Gaza.
Só que, ao contrário de Gaza, a presença e o controle de Israel no território continua desde então, com a criação dos assentamentos judeus que não são reconhecidos pela ONU. A disputa entre os dois povos é dura, com conflitos constantes.
Os acordos de Oslo entre Israel e a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), em 1993, deram maior autonomia à Cisjordânia, já que foi estabelecida a Autoridade Nacional Palestina (ANP) no território. O objetivo era “preparar o terreno” para um futuro Estado palestino, assim como era a promessa em Gaza.
A continuação dos acordos de Oslo estabeleceram três áreas de responsabilidade dentro da Cisjordânia:
- Área A, onde a ANP tem controle total dos assuntos civis e da segurança, e compreende cerca de 20% do território, e é mais povoado por palestinos;
- Área B, onde a ANP tem total controle dos assuntos civis, mas Israel também participa do controle de segurança, em outros 20% do território;
- Área C, onde Israel mantém todo o controle de 60% do território e está a maior parte dos colonos israelenses, e também as zonas rurais menos povoadas da Cisjordânia.
As principais cidades da Cisjordânia, tanto em população como em importância histórica e política, são Hebron, Nablus, Belém, Rafah e Ramallah.
VÍDEO: Confronto em protesto na Cisjordânia deixa três mortos
Eleições de 2022 apenas pioraram a situação
Nas eleições israelenses de 2022, o partido do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, o Likud, de direita, só conseguiu formar maioria para governar fazendo alianças com dois partidos ultraortodoxos e três de extrema-direita, e também graças à aliança com um deputado do partido Sionismo Religioso (sionismo é a palavra dada pelos palestinos para quem é contra a criação da Palestina), Itamar Ben-Gvir, que sobe o tom ao falar dos palestinos.
Uma das exigências de Ben-Gvir para apoiar o governo foi aumentar a quantidade de assentamentos de israelenses dentro da Cisjordânia. Netanyahu anunciou ter aprovado alvarás para a construção de mais de 5 mil unidades habitacionais dentro da Cisjordânia em junho de 2023.
Militantes palestinos contrários à decisão iniciaram uma série de ataques aos colonos judeus em julho. A represália israelense foi a maior desde 2003, com um saldo de 12 mortos.
O Muro da Cisjordânia
O Muro da Cisjordânia foi construído pelo governo israelense. É uma rede de cercas com valas para veículos cercadas por uma área de exclusão média de 60 metros de largura e até 8 metros de altura de paredes de concreto. Ela está localizada principalmente na Cisjordânia, parcialmente ao longo da linha do Armistício de 1949, conhecida como “Linha Verde”, entre o território e Israel.
Aproximadamente 60% dela foi construída totalmente. Ainda há trechos em que o projeto não foi aprovado. O espaço entre a barreira e a linha verde é uma zona militar fechada conhecida como Zona de Costura, cortando 8,5% da Cisjordânia e englobando dezenas de vilas e dezenas de milhares de palestinos.
A barreira geralmente segue ao longo ou perto da Linha Verde, mas deriva em muitos lugares para incluir do lado israelense várias das áreas altamente povoadas de assentamentos judeus na Cisjordânia, como Jerusalém Oriental, Ariel, Gush Etzion e Maale Adumim.
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Acredita-se que o Hamas esteja abrigando no subsolo um número considerável de combatentes e armas • Reuters
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O conflito entre Israel e Hamas começou em 7 de outubro quando o grupo extremista islâmic disparou uma chuva de foguetes lançados da Faixa de Gaza sobre o país judaico. A ofensiva contou ainda com avanços de tropas por terra e pelo mar • Reuters
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Foguetes disparados em Israel a partir de Gaza • REUTERS/Amir Cohen
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Após os ataques aéreos, o Hamas avançou no território israelense e invadiu a área onde estava acontecendo um festival de música eletrônica; mais de 260 corpos foram encontrados no local • Reprodução CNN
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Carros foram deixados para trás pelos motoristas que tentavam fugir do grupo extremista islâmico • Reuters
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Imagens mostram carros abandonados e sinais de explosões após ataque em festival de música eletrônica em Israel • Reuters
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As forças israelenses responderam com uma contraofensiva que atingiu Gaza e deixou vítimas, inclusive, em campos de refugiados. Israel declarou "cerco total" e suspendeu o abastecimento de água, energia, combustível e comida ao território palestino • 13/10/2023 REUTERS/Violeta Santos Moura
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Destruição em campo de refugiados palestinos em Gaza após ataque aéreo de Israel • Reuters
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Pessoas carregam o corpo de palestino morto em ataque israelense no campo de refugiados de Jabalia, no norte da Faixa de Gaza • 09/10/2023 REUTERS/Mahmoud Issa
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Campo de refugiados palestinos atingido em meio a ataques aéreos israelenses em Gaza • Reuters
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Prédios destruídos na Faixa de Gaza • Ahmad Hasaballah/Getty Images
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Escombros de prédio destruído após sataques em Sderot, no sul de Israel • Ilia Yefimovich/picture alliance via Getty Images
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Delegacia destruída no sul de Israel após ataque do Hamas • REUTERS/Ronen Zvulun
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Palestinos queimam pneus de carros e bloqueiam estradas enquanto entram em confronto com as forças israelenses no distrito de Beit El, em Ramallah, na Cisjordânia • Anadolu Agency via Getty Images
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As Brigadas Izz ad-Din al-Qassam seguram uma bandeira palestina enquanto destroem um tanque das forças israelenses em Gaza • Hani Alshaer/Anadolu Agency via Getty Images
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Bombeiros tentaram apagar incêndios em Israel após bombardeio de Gaza no sábado (7) • Reuters
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Foguetes disparados de Gaza em direção a Israel na manhã de sábado (7) • CNN
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Veja como funciona o sistema antimíssil de Israel • CNN
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Ataque israelense na Faixa de Gaza • 10/10/2023 REUTERS/Ibraheem Abu Mustafa
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Casas e prédios destruídos por ataques aéreos israelenses em Gaza • 10/10/2023 REUTERS/Shadi Tabatibi
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Tanque de guerra israelense estacionado perto da fronteira de Gaza • Ahmed Zakot/SOPA Images/LightRocket via Getty Images
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Imagens se satélite mostram destruição na Faixa de Gaza • Reprodução/Reuters
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Salva de foguetes é disparada por militantes do Hamas de Gaza em direção a cidade de Ashkelon, em Israel, em 10 de outubro de 2023. • Saeed Qaq/Anadolu via Getty Images
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Salva de foguetes é disparada por militantes do Hamas de Gaza em direção a cidade de Ashkelon, em Israel, em 10 de outubro de 2023. • Majdi Fathi/NurPhoto via Getty Images
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Barco de pesca pega fogo no porto de Gaza após ser atingido por ataques de Israel. • Reuters
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Palestinos caminham em meio a destroços de prédios destruídos por Israel em Gaza • 10/10/2023REUTERS/Mohammed Salem
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Palestinos caminham em meio a destroços de prédios em Gaza destruídos por ataques de Israel • 09/10/2023REUTERS/Ibraheem Abu Mustafa
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Soldados israelenses carregam corpo de vítima de ataque realizado por militantes de Gaza no kibbutz de Kfar Aza, no sul de Israel • 10/10/2023 REUTERS/Violeta Santos Moura
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Destruição em Gaza provocada por ataques israelenses • 10/10/2023REUTERS/Mohammed Salem
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Ataque israelense na Faixa de Gaza • 10/10/2023 REUTERS/Ibraheem Abu Mustafa
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Casas e prédios destruídos por ataques aéreos israelenses em Gaza • 10/10/2023 REUTERS/Shadi Tabatibi
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Munição israelense é vista em Sderot, Israel, na segunda-feira • Mostafa Alkharouf/Anadolu Agency via Getty Images
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Tanque de guerra israelense estacionado perto da fronteira de Gaza • Ahmed Zakot/SOPA Images/LightRocket via Getty Images
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Chamas e fumaça durante ataque israelense a Gaza • 09/10/2023REUTERS/Mohammed Salem
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Sistema antimísseis de Israel intercepta foguetes lançados da Faixa de Gaza • 09/10/2023REUTERS/Amir Cohen
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Hospital na Faixa de Gaza usa geladeiras de sorvete para colocar cadáveres devido à superlotação do necrotério • Ashraf Amra/Anadolu via Getty Images
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Fumaça sobe após um ataque aéreo israelense no oitavo dia de confrontos na Faixa de Gaza, em 14 de outubro de 2023 • Ali Jadallah/Anadolu via Getty Images
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Homem palestino lava as mãos em uma poça ao lado de um prédio destruído após os ataques israelenses na Cidade de Gaza • Ahmed Zakot/SOPA Images/LightRocket via Getty Images
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Embaixada dos EUA no Líbano é alvo de protestos • Reprodução CNN
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Palestinos protestam na Cisjordânia contra ataques de Israel
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Hospital em Gaza é atingido por um míssil • Reprodução
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Hospital atacado em Gaza • Reprodução
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Palestinos procuram vítimas sob escombros de casas destruídas por ataque israelense em Rafah, no sul da Faixa de Gaza • 17/10/2023REUTERS/Ibraheem Abu Mustafa
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Cidadã palestina inspeciona sua casa destruída durante ataques israelenses no sul da Faixa de Gaza em 17 de outubro de 2023 em Khan Yunis • Ahmad Hasaballah/Getty Images
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Tanque de guerra israelense • Saeed Qaq/Anadolu via Getty Images
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Ataque de Israel contra Gaza • 11/10/2023REUTERS/Saleh Salem