Número de pedidos de repatriação de brasileiros que estão na Faixa da Gaza cai para 22
De acordo com integrantes do Itamaraty, uma família inteira desistiu de deixar a área de conflito
O número de pedidos de repatriação de brasileiros na Faixa de Gaza caiu de 28 para 22 nesta quinta-feira (12).
De acordo com integrantes do Itamaraty, uma família inteira desistiu de deixar a área de conflito. A maior parte desse grupo não tem relação profunda com o Brasil, tendo seus laços construídos em Gaza.
A desistência, segundo diplomatas que acompanham o caso, pode ser atribuída também ao aviso do Egito de que não autorizará a permanência de estrangeiros em seu território.
“Ao saberem que não poderão ficar no Egito, porque as autoridades não deixarão, muitos desses cidadãos pensam duas vezes, porque, no fundo, não querem voltar ao Brasil, pois não têm laços profundos”, diz o embaixador do Brasil no Egito, Paulino Franco de Carvalho Neto.
Abrigo em escola
Nesta quinta-feira, um grupo de 13 brasileiros, incluindo crianças, foi abrigado em uma escola católica em Gaza até poderem ser retirados da região. O local foi providenciado pela Representação Diplomática do Brasil junto à Palestina.
O Brasil negocia com o Egito a retirada do grupo de brasileiros pela passagem de Rafah, na fronteira com Gaza. Porém, as tratativas são complexas e ainda não há previsão para a evacuação deste grupo.
A passagem de Rafah continua fechada, sem previsão de ser liberada por questão de segurança. A área foi atacada pelo menos três vezes nos últimos dias.
Além do Egito, a operação também depende de um entendimento com Israel e o grupo islâmico radical Hamas, que controla a Faixa de Gaza.
Receio egípcio
O embaixador observa ainda que o Egito tem receio que a abertura da passagem de Rafah exponha o país a extremistas.
“É natural a preocupação do Egito por questões de segurança nacional. A fronteira com Gaza, na Península do Sinai, é uma região tradicionalmente exposta a movimento de grupos radicais e naturalmente as autoridades do Egito têm preocupação com a própria estabilidade do país”, disse o embaixador.
O diplomata cita ainda que as autoridades egípcias também querem evitar a entrada de refugiados. O país enfrenta dificuldades econômicas e recebeu mais de 200 mil cidadãos do Sudão, que vive um conflito interno.
“Eles [egípcios] têm um sentido de nacionalidade, de defesa da pátria que é muito forte. Eles não estão raciocinando com preocupações humanitárias, mas com preocupação de segurança nacional”, disse.