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    Nova Zelândia descobre 1,5 mil votos fraudulentos – em votação sobre pássaros

    A disputa "Pássaro do Ano" acontece desde 2005 e foi estabelecida como uma forma de incentivar os neozelandeses a aprender sobre aves nativas

    Os candidatos têm penas e as plataformas políticas são inexistentes. É a votação do “Pássaro do Ano” na Nova Zelândia – e, assim como em uma eleição regular, há preocupações sobre como fazer uma eleição justa.

    Mais de 1,5 mil votos fraudulentos foram depositados na madrugada de segunda-feira (9) na eleição anual de pássaros do país, empurrando brevemente o kiwi malhado (Apteryx owenii) para o topo da tabela de classificação, anunciaram os organizadores e a organização ambiental Forest & Bird nessa terça (10).

    Esses votos irregulares, descobertos pelos observadores oficiais da eleição, já foram removidos. De acordo com a porta-voz da eleição, Laura Keown, as cédulas foram enviadas usando endereços de email falsos, todos rastreados até o mesmo endereço IP em Auckland, cidade mais populosa da Nova Zelândia.

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    “É uma sorte termos identificado este pequeno kiwi tentando conseguir 1,5 mil votos extras sob o manto da escuridão”, escreveu Keown em comunicado. “Mas ele terá que seguir as regras como todos os outros pássaros para vencer a competição.”

    A disputa “Pássaro do Ano da Nova Zelândia” acontece desde 2005 e foi estabelecida pela Forest & Bird como uma forma de incentivar os neozelandeses a aprender sobre as aves nativas, inspirando-os a ajudar a proteger a vida selvagem do país.

    Mais de 35 mil votos enviados

    Mais de 35 mil votos foram enviados na eleição deste ano, o que permitiu aos eleitores classificarem até cinco aves de sua escolha. Cada pessoa pode enviar apenas um voto por endereço de email, e os votos internacionais também são contados.

    Iniciada no início de novembro e prestes a ser encerrada no fim de semana, a escolha ocorre apenas semanas após a eleição geral do país, na qual a primeira-ministra Jacinda Ardern reeleita com grande vantagem.

    Embora a votação do “Pássaro do Ano” seja um esforço para aumentar a conscientização sobre as aves nativas da Nova Zelândia, muitas das quais estão lutando por sobrevivência, ela tem um histórico de polêmica.

    Líderes políticos e grupos de interesse frequentemente apoiam o candidato emplumado de sua escolha. Em 2020, a varejista de brinquedos eróticos Adult Toy Megastore endossou o hihi (Notiomystis cincta), dizendo que ele pratica o “poliamor consensual”.

    Dezenas de candidatos

    Há dezenas de candidatos além do kiwi malhado, que está extinto na Nova Zelândia continental, embora cerca de 1,2 mil ainda vivam na Ilha Kapiti, um santuário na costa da capital do país, Wellington.

    Entre os outros candidatos há o morepork ou ruru (Ninox novaeseelandiaea), descrito pela Forest & Bird como “um enigma”, e o piwauwau ou carriça da Nova Zelândia (Xenicus gilviventris), que demonstra “a verdadeira bravura da montanha”. E há ainda o atual vendedor hoiho (Megadyptes antipodes), também conhecido como o pinguim-de-olho-amarelo, que luta pela reeleição – não há limite de mandato.

    De acordo com Laura Keown, à frente nas pesquisas da atual eleição está o albatroz-das-antípodas (Diomedea antipodensis) ou toroa, uma ave marinha que usa um elaborado ritual de namoro, cantando e dançando durante anos, para encontrar uma parceira com a qual fique até que um dos dois morra.

    Embora as apostas sejam menores do que em uma eleição política tradicional, a votação deste ano não é a primeira a registrar uma trapaça.

    Em 2018, uma pessoa de Perth, cidade da vizinha Austrália, votou em um cormorão mais de 300 vezes antes de ser identificada pelos organizadores das eleições.

    Em 2015, dois adolescentes tentaram fraudar o voto a favor do kokako (Callaeas wilsoni), um pássaro canoro em extinção, de acordo com emissora nacional Radio New Zealand.

    No entanto, Keown insiste que fraude eleitoral “não é o jeito kiwi (neozelandês)”. “Como emblema nacional de Aotearoa, o kiwi malhado representa os valores de democracia, justiça, igualdade e honestidade dos neozelandeses. Nós não toleramos os votos ilegais dados ao nosso lindo passarinho.”

    (Texto traduzido. Leia o original em inglês.)

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