Nova onda de Covid-19 na Austrália levanta questão: quando voltaremos ao normal?
Regiões que pareciam estar no ápice do combate ao novo coronavírus vivem uma segunda ou até uma terceira onda de contágio
Não era para ser assim. Um por um, países e territórios que pareciam estar no ápice do combate ao novo coronavírus vivem uma segunda ou até uma terceira onda de contágio, destacando novamente a grande dificuldade de conter a pandemia, mesmo com o fechamento parcial das fronteiras e quarentenas em vigor.
Nesta semana, a segunda maior cidade da Austrália, Melbourne, em Victoria, voltou ao lockdown (bloqueio total), e o país fechou a fronteira do estado com New South Wales pela primeira vez em 100 anos. Enquanto isso, em Hong Kong, autoridades de saúde correm para conter uma terceira onda da doença, depois de algumas semanas sem registro de infecções locais.
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O número de casos nesses dois lugares perde força quando comparado aos registros diários dos Estados Unidos e alguns países da Europa Ocidental. Mas eles levantam ainda mais questionamentos sobre quando as áreas mais atingidas pelo vírus conseguirão voltar ao normal.
Novos casos após dias sem registros
Assim como Austrália e Hong Kong, a Coreia do Sul, China, Nova Zelândia, Singapura e Israel reportaram novos casos após um curto período em que pareciam ter vencido o vírus. Felizmente, para as pessoas nas áreas afetadas, o risco de infecção permanece relativamente baixo, e autoridades de saúde têm respondido rapidamente para conter a doença.
Melbourne, em particular, estabeleceu um intenso lockdown, aumentando as restrições ao mesmo tempo em que mais e mais casos são registrados. Moradores da cidade não têm permissão para sair de casa, a menos que seja para fazer compras no supermercado, se exercitar ou trabalhar.
Cafeterias e restaurantes, que foram autorizados a reabrir há algumas semanas, suspenderam novamente as atividades regulares, e agora oferecem serviços apenas por delivery ou retirada na loja. Todos os salões de beleza e locais de entretenimento também estão fechados.
“Falamos sobre esse vírus ser como um incêndio na saúde pública. Ao colocar uma barreira em torno de Melbourne, estamos estabelecendo um perímetro para proteger os moradores”, disse Daniel Andrews, primeiro-ministro do estado de Victoria. “Está claro que estamos no pico da nossa segunda onda e não podemos deixar esse vírus assolar nossas comunidades.”
Com relação ao fechamento da fronteira com New South Wales, é a primeira vez que uma medida como essa é tomada desde a pandemia da gripe espanhola, 100 anos atrás. Outros estados também impuseram restrições aos moradores de Victoria, em uma tentativa de manter o vírus isolado no sudeste.
As Inscrições online para os moradores de Victoria conseguirem permissão para viajar a outro estado começaram na noite de terça-feira (7), mas o site caiu 45 minutos depois de receber 44 mil inscrições, segundo a emissora australiana ABC.
Gerenciamento da crise
A resposta de Melbourne é parecida com a da China, que agiu para manter sua própria pandemia doméstica sob controle há meses e respondeu a novos focos de infecção com uma ação rápida, embora muitas vezes severa.
Hoje, Hong Kong está considerando retomar algumas restrições, semanas depois de um alívio e um certo retorno ao normal. O governo pede às pessoas que fiquem vigilantes com relação ao uso de máscaras, o distanciamento social e a higiene.
Em comentários que cabem tanto a Hong Kong quanto à Austrália, o premiê Daniel Andrews acredita que “um senso de complacência foi despertado em cada um conforme deixamos nossas frustrações tirarem o melhor de nós”.
“Acho que cada um conhece alguém que não seguiu as orientações como deveria. Acho que todos sabem que não temos escolha a não ser tomar medidas muito, muito difíceis”, afirmou ele.
Mas e se você estiver em um país onde tomar as medidas mais básicas para combater a doença é visto como uma sentença maldita por muitas pessoas?
De qualquer forma, a experiência de países que tiveram a pandemia sob controle aponta para o enorme perigo de os EUA tentarem voltar à normalidade, pois o território ainda vive a primeira onda do vírus.
Austrália, Hong Kong e outras partes da Ásia, que tiveram mais meses para lidar com a pandemia, mostraram a dificuldade de evitar as infecções, mesmo nas melhores circunstâncias, quando as pessoas costumam seguir os conselhos das autoridades de saúde, não aceitam teorias da conspiração e, mais importante, usam máscaras.
Esses fatores vão permitir que tais países eventualmente voltem a algo parecido com a vida pré-Covid-19, com as ocasionais crises e o estabelecimento de lockdown a caminho. Mas é cada vez mais difícil imaginar os EUA – onde o uso de máscaras se tornou politizado e as autoridades estão em guerra declarada contra os Centros de Controle e Prevenção de Doenças – conseguindo controlar a pandemia tão cedo.
(Texto traduzido, clique aqui e leia o original em inglês.)