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    Nos 200 anos da morte de Napoleão, França debate seu legado; veja fotos

    Debates sobre misoginia, colonialismo e a reintrodução da escravidão durante seu reinado vieram à tona

    Da CNN, em São Paulo

    Embora a morte de Napoleão Bonaparte complete 200 anos nesta quarta-feira (5), ramificações de seu governo ainda podem ser sentidas na França e em outros países. E geram polêmica. 

    Esta não é a primeira data comemorativa ligada a Napoleão ou a eventos de seu reinado que se tornam um problema. Em 2005, o então presidente da França, Jacques Chirac, considerou sensato evitar as comemorações pelo bicentenário da vitória francesa contra os austríacos em Austerlitz. 

    A decisão de Chirac, dizem especialistas, levou em conta a crescente controvérsia a respeito do legado de Napoleão, que incluem acusações de genocídio contra países colonizados. 

    No bicentenário de Waterloo, em 2015, a comemoração dessas batalhas já havia tido um tom menos nacionalista. Tradicionalmente retratada como um duelo entre ingleses e franceses, as exposições sobre Waterloo tiveram ênfase no papel desempenhado pelos soldados da Prússia.

    Agora, em 2021, o presidente Emmanuel Macron decidiu que as comemorações deveriam ter caráter mais pacifista. 

    Para Thierry Lentz, importante historiador napoleônico, há dois problemas recorrentes com a celebração da figura de Napoleão: o fato de ele ter reintroduzido a escravidão e sua conhecida misoginia. 

    O papel de Napoleão na reintrodução da escravidão não é exatamente uma novidade, mas este debate ganhou força midiática nos últimos tempos, especialmente com o surgimento do movimento Black Lives Matter (Vidas Negras Importam). 

    A França aboliu a escravidão em 1794, mas o papel de Napoleão na reintrodução do sistema é claro em suas ordens, ainda preservadas e em exposição, que restabeleceram a escravatura em vários territórios coloniais franceses em 1802

    O debate sobre a misoginia de Napoleão também é alimentado pelo Código Civil de 1804, conhecido como “Código Napoleônico”, que tornou mulheres casadas subservientes a seus maridos e estabeleceu parâmetros distintos para os gêneros quando o assunto era o divórcio. 

    Tais debates não são tentativa de negar o legado de Napoleão, mas oferecerem aos cidadãos de hoje a oportunidade de pensar sobre resistência e mudança. Também reintegram outros aspectos difíceis do reinado de Napoleão, como o enorme número de mortes nas campanhas militares em seu período e as consequências destes conflitos para o florescimento do sentimento nacionalista em várias partes da Europa. 

    Realisticamente, essas disputas pela memória de Napoleão provavelmente não serão resolvidas em breve, ou nunca. No entanto, as comemorações e os debates que os acompanham irão moldar a imagem de Napoleão para as gerações futuras

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    Publicado por Guilherme Venaglia; com informações da Reuters

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