No México, partido de López Obrador perde força no Congresso
Votação deste domingo (7) foi marcada por uma onda de violência nos meses que antecederam o dia da eleição, incluindo quase 100 assassinatos de políticos
A coalizão governista mexicana perderia a maioria qualificada na Câmara dos Deputados após as eleições de meio de mandato realizadas domingo (7), de acordo com os números iniciais publicados pelo Instituto Nacional Eleitoral (INE).
Este resultado impedirá o presidente Andrés Manuel López Obrador de aprovar importantes reformas legislativas e constitucionais sem a ajuda dos partidos de oposição. No entanto, espera-se que a coalizão governante mantenha uma maioria simples na Câmara.
O Morena, partido de esquerda López Obrador, obteve cerca de 35% dos votos. Morena e um dos seus parceiros de governo, o Partido Verde, devem ganhar entre 265 e 292 das 500 cadeiras da Câmara, de acordo com dados preliminares do INE.
O partido Morena tem 256 cadeiras, mas perderá pelo menos 50 após as eleições de meio de mandato. Espera-se que ganhe entre 190 e 203 lugares após a sessão deste domingo, indica o INE. Os dados, no entanto, ainda são preliminares e os resultados finais são esperados para a próxima semana.
As eleições foram vistas como um referendo sobre López Obrador, que foi eleito em 2018 após fazer campanha para enfrentar a violência e a corrupção que atormentam o México há décadas com sua estratégia de “abraços, não balas”.
O estilo populista de López Obrador – que vendeu o avião presidencial do México e agora viaja em voos comerciais – e as promessas de enfrentar a desigualdade econômica e a corrupção o ajudaram a manter sua popularidade pessoal, especialmente entre muitos mexicanos de classe baixa e média.
Suas coletivas de imprensa diárias geralmente servem como um canal para reforçar seus pontos de vista e plataforma política, em vez de responder a perguntas da imprensa sobre suas políticas.
Crime organizado
Mesmo assim, os críticos do presidente dizem que ele não foi capaz de impedir as guerras territoriais do crime organizado que assolam o México nas últimas duas décadas. Enquanto isso, vários ex-políticos atacaram López Obrador por supostamente não respeitar os freios e contrapesos do sistema político mexicano.
A votação deste domingo foi marcada por uma onda de violência nos meses que antecederam o dia da eleição, incluindo quase 100 assassinatos de políticos. De acordo com um relatório da consultoria de gestão de risco Etellekt, 96 políticos foram assassinados desde o início da campanha eleitoral em setembro do ano passado. Pelo menos 35 das vítimas eram candidatos a cargos públicos.
Durante este domingo, restos mortais foram encontrados em pelo menos duas seções eleitorais no estado de Baja California, enquanto no estado de Sinaloa vários centros de votação foram forçados a fechar mais cedo após enfrentar ameaças de grupos armados.
Aumento de cadeiras para partidos de oposição
Os dois principais rivais de Morena devem ganhar mais conselhos, de acordo com o INE.
O conservador Partido da Ação Nacional (PAN) passará de 77 cadeiras para uma estimativa de 106-117 cadeiras na Câmara dos Deputados. Já o Partido Revolucionário Institucional (PRI), que ocupou o poder no México até 2000, obteria entre 63 e 75 cadeiras, das 48 que tinha antes das eleições.
As eleições deste domingo são consideradas as maiores da história do México. Mais de 93 milhões de eleitores foram chamados a votar em candidatos para 21 mil cargos eletivos nos três níveis de governo. A participação a nível nacional foi estimada entre 51,7 e 52,5%, informou o INE.
Juan Carlos Paz, da CNN, contribuiu para esta reportagem.
(Esse texto é uma tradução. Para ler o original, em inglês, clique aqui)