No Dia da Libertação, premiê italiana tenta se afastar de passado fascista
Partido de Giorgia Meloni, Irmãos da Itália, tem história ligada ao movimento neofascista que surgiu logo após o final da Segunda Guerra. Italianos celebraram aniversário do fim da ocupação nazista no país
A coalizão governista da Itália não tem “nostalgia pelo fascismo”, disse a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, nesta terça-feira (25), procurando se opor aos críticos que acusaram seu partido Irmãos da Itália de não conseguir se distanciar de seu passado neofascista.
Meloni abordou o assunto em carta ao jornal Corriere della Sera no dia em que a Itália celebra o fim da ocupação alemã na Segunda Guerra Mundial e a vitória dos combatentes da resistência sobre os nazistas e seus aliados fascistas.
“Há muitos anos, e como qualquer observador honesto reconhece, os partidos que representam a direita no Parlamento declararam sua incompatibilidade com qualquer nostalgia do fascismo”, escreveu Meloni.
O Irmãos da Itália tem suas raízes no Movimento Social Italiano (MSI), formado em 1946 como herdeiro direto dos camisas negras de Benito Mussolini, e o legado do fascismo continua a atormentar a Itália quase 80 anos após o fim da guerra.
A carta de Meloni veio um dia depois que o Anpi, um grupo que representa ex-partidários da resistência na guerra, pediu a Meloni para se desassociar do fascismo, logo após um protesto recente desencadeado pelo presidente do Senado, Ignazio La Russa.
La Russa, um líder do Irmãos da Itália que começou sua carreira no MSI e coleciona itens sobre Mussolini, parecia diminuir a importância da resistência ao dizer que a Constituição do pós-guerra não fazia menção ao antifascismo.
Meloni claramente se distanciou dos comentários de La Russa.
“O fruto fundamental do 25 de abril foi, e sem dúvida continua sendo, a afirmação dos valores democráticos, que o fascismo pisoteou e que encontramos inscritos na Constituição republicana”, disse ela.
Meloni compara seu partido ao Partido Republicano dos Estados Unidos e ao Partido Conservador do Reino Unido, com a defesa da identidade nacional, família tradicional e herança cultural entre os principais temas de sua agenda política.
A própria Meloni elogiou Mussolini em sua juventude, mas desde então mudou sua postura, condenando repetidamente as infames leis racistas e antijudaicas promulgadas pelo ditador em 1938. A primeira-ministra também afirmou que “nunca sentiu nenhuma simpatia pelo fascismo”.
(Reportagem de Crispian Balmer e Federico Maccioni)