No Brasil, presidente eleito do Paraguai defende Unasul e fala em rever contrato de Itaipu
Bloco chegou a ter 12 nações sul-americanas como membros efetivos e foi instituído em 2008, mas foi esvaziado ao longo do tempo por falta de consenso entre os países
O presidente eleito do Paraguai, Santiago Peña, afirmou ser favorável à recriação da Unasul. A declaração foi dada em Brasília, nesta terça-feira (16), após agenda com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O bloco, que chegou a ter 12 nações sul-americanas como membros efetivos, foi instituído em 2008, mas foi esvaziado ao longo do tempo por falta de consenso entre governantes dos países.
Em 2019, o então presidente Jair Bolsonaro (PL) comunicou por meio das redes sociais que o Brasil se retiraria do grupo.
“Adiantei que eu apoiarei o processo de integração em todos os âmbitos, seja a Unasul, o Prosul, a Celac e, claro, o Mercosul. Tenho vocação integradora e disse que Lula pode contar comigo nesse processo. Todos os países têm de respeitar com as visões dos líderes eleitos por mandato popular”, disse.
Peña falou ainda do acordo em andamento entre a União Europeia e o Mercosul e fez críticas a algumas cláusulas.
“Nós somos a favor dessa negociação. E também compartilhamos da visão do Brasil de que as exigências, principalmente as ambientais, são muito duras”.
É a primeira viagem internacional do futuro mandatário do país vizinho após a vitória nas urnas, ocorrida no fim de abril. Do perfil conservador, Peña disse ainda que o Paraguai vai reatar as relações diplomáticas com a Venezuela.
“Historicamente, sempre tivemos uma boa relação com o povo da Venezuela. E isso não impedia que tivéssemos uma posição crítica da ausência dos direitos humanos. Falei com o presidente Maduro por telefone e falei que, na condição de presidente eleito, vou trabalhar para reestabelecer o processo de integração dos dois países”, completou.
Itaipu
O presidente eleito do Paraguai contou também que tratou com Lula do papel de Itaipu para desenvolvimento da região.
A parceria com o Brasil completa 50 anos. Neste ano, o acordo passará por revisão de termos financeiros, diante do pagamento das dívidas relativas à construção da usina hidrelétrica.
Nesse contexto, Peña opinou ser favorável a mudanças no tratado com vista a gerar emprego e solucionar problemas sociais dos dois países.
“Não é com uma política rentista, vendendo energia. Mas utilizando a energia. Paraguai tem o desafio de utilizar a energia. Itaipu pode ser uma fonte de desenvolvimento”.