Netanyahu mirou eleições nos EUA ao atacar líder do Hamas, avalia professor
Leonardo Trevisan, professor de Relações Internacionais da ESPM, analisa consequências da morte de Ismail Haniyeh e aponta possível estratégia do primeiro-ministro israelense
O ataque que resultou na morte de Ismail Haniyeh, líder do Hamas, no Irã, pode ter sido uma estratégia de Benjamin Netanyahu visando as eleições presidenciais nos Estados Unidos, segundo análise do professor de Relações Internacionais da ESPM Leonardo Trevisan em entrevista à CNN Brasil.
Trevisan destaca que o alvo atingido era um representante do braço político do Hamas, não do braço militar, e que se tratava de uma figura que mantinha diálogo com países árabes moderados. “É impossível não ver nessa ação, provavelmente de Israel, um ato de Netanyahu olhando exatamente para as eleições americanas”, afirma o especialista.
Impacto nas relações diplomáticas
O ataque ocorreu em um momento delicado, logo após uma reunião no Catar entre a diplomacia americana e representantes de países árabes moderados, como Egito, Arábia Saudita, Catar e Emirados Árabes Unidos. Essa ação pode desestabilizar ainda mais a região, forçando uma resposta do Irã.
Trevisan argumenta que a escalada do conflito pode prejudicar a atual administração dos Estados Unidos, liderada por Joe Biden, e beneficiar a candidatura de Donald Trump. “Netanyahu está olhando para as eleições americanas. Vamos dizer desta forma, de uma forma serena, dando uma forcinha, como se diz aqui no Brasil, para a figura de Trump”, explica o professor.
Estratégia de sobrevivência política
O especialista também aponta que a ação pode ser uma tentativa de Netanyahu de prolongar seu próprio regime. Há um consenso entre analistas internacionais de que o governo israelense enfrentaria sérios problemas de sobrevivência caso a guerra terminasse rapidamente.
“O único que ganha com esse quadro é Netanyahu. O único que ganha com esse quadro é prolongar o regime de Netanyahu”, afirma Trevisan, ressaltando que o acirramento do conflito fortalece a posição política do primeiro-ministro israelense, tanto internamente quanto no cenário internacional.
A análise de Trevisan sugere que a morte de Haniyeh e a consequente escalada das tensões no Oriente Médio podem ter implicações significativas não apenas para a região, mas também para o cenário político global, especialmente no contexto das próximas eleições presidenciais nos Estados Unidos.
