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    Não se pode esperar muita coisa de reunião entre Bolsonaro e Putin, diz professor

    Gunther Rudzit afirmou à CNN que presidente brasileiro busca romper com o isolamento internacional em viagem à Rússia

    Ludmila CandalVinícius Tadeuda CNN

    São Paulo

    Diante da chegada do presidente Jair Bolsonaro (PL) à Rússia para se reunir com o presidente russo Vladimir Putin, o professor de Relações Internacionais da ESPM Gunther Rudzit afirmou em entrevista à CNN nesta terça-feira que “dessa reunião pessoal entre os dois líderes não se pode esperar muita coisa”.

    O professor avalia que a viagem de Bolsonaro representa um esforço para que o presidente rompa com a ideia de estar isolado internacionalmente, principalmente após a visita recente do ex-presidente Lula (PT) à Europa, onde foi recebido por várias lideranças.

    Rudzit reforça que o encontro com Putin está agendado há muito tempo e que “só se espera mesmo que não haja nenhum pronunciamento por parte de Bolsonaro a respeito da crise ucraniana”.

    No entanto, o professor avalia que as reuniões bilaterais entre ministros de Estado dos dois países “podem e devem aprofundar as relações, principalmente no caso dos fertilizantes”.

    Ao avaliar a crise entre Rússia e Ucrânia que movimenta diversos países do Ocidente, Rudzit considera que a estratégia do presidente norte-americano Joe Biden é combater sua recente impopularidade por meio da defesa da ideia de que “foi a firmeza dele, com todas as medidas que tomou, que fez com que Putin recuasse”.

    Por outro lado, na avaliação do professor, o presidente russo deve tentar passar a imagem de que “ele conseguiu que a Rússia fosse tratada novamente como um grande ator”. “Esse é o grande objetivo de Putin desde que chegou ao poder em 2000”, complementou.

    De acordo com Rudzit, a crise atual é “muito mais séria” do que a instaurada em 2014, quando a Rússia anexou a península da Crimeia. “A crise de agora tem uma dimensão maior porque houve uma movimentação de tropas muito maior do que naquela época”, avaliou.

    Segundo o professor, o exército russo é de “primeira linha” e possui até mesmo “capacidades militares que alguns países ocidentais não têm”.

    Rudzit ainda comentou sobre o gasoduto Nord Stream 2, e afirmou que os europeus, principalmente os alemães, esperavam que por meio da construção haveria uma interdependência entre os países fazendo com que não houvesse “motivo para guerra porque traria perdas financeiras e econômicas para os dois lados”.

    No entanto, o professor considerou que “os europeus estão descobrindo que na visão russa essa interdependência serve como instrumento político”.