Não há risco imediato para o Mercosul, diz embaixador brasileiro sobre eventual vitória de Milei
Embaixador do Brasil em Buenos Aires vê oportunidade para modernizar o bloco caso Milei vença
Apesar de declarações do ultraliberal Javier Milei de que pretende tirar a Argentina do Mercosul caso seja eleito, essa posição inicial foi sendo calibrada durante a campanha presidencial e não há “risco imediato” para a existência do bloco, disse o embaixador do Brasil em Buenos Aires, Julio Bitelli, à CNN.
“Essas declarações foram evoluindo. Em algum momento, o candidato Javier Milei falou em sair do Mercosul. Mas, em declarações mais recentes, tanto ele quanto seu círculo mais próximo têm falado em modernizar o Mercosul e alterar sua forma de funcionamento, mas a partir de dentro do bloco. Se é esse o espírito, o Brasil compartilha e acredito que todos os sócios estarão de acordo em buscar maneiras de atualizar o Mercosul”, afirmou Bitelli, em entrevista neste domingo (19).
“Não há risco imediato para a existência do Mercosul. Pode até haver uma oportunidade de colocar sobre a mesa algumas alternativas que permitam um funcionamento mais próximo daqueles objetivos imaginados quando o bloco foi criado”.
De acordo com ele, vença quem vencer as eleições, quatro pontos já foram enfatizados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para o futuro:
- o respeito à democracia e à escolha do povo argentino é total;
- a centralidade da Argentina na política externa brasileira permanecerá, independentemente do ganhador;
- afinidades pessoais e visões de mundo parecidos importam menos do que relações entre estados;
- qualquer ocupante da Casa Rosada continuará tendo, no Brasil, um governo disposto a conversar e trabalhar em parceria.