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    Na ONU, Lula critica Assembleia Geral e Conselho de Segurança e cobra “transformações”

    Em discurso na abertura da Cúpula do Futuro, presidente diz que maioria dos órgãos internacionais "carece de autoridade e meios de implementação para fazer cumprir suas decisões"

    João Nakamurada CNN , em São Paulo

    O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), fez uma cobrança por “transformações estruturais” para solucionar o que chamou de “crise da governança global”.

    Em discurso realizado neste domingo (22) durante a abertura da Cúpula do Futuro da ONU, que precede a Assembleia Geral, Lula apontou que atualmente “a maioria dos órgãos carece de autoridade e meios de implementação para fazer cumprir suas decisões”.

    “A Assembleia Geral perdeu sua vitalidade e o Conselho Econômico e Social foi esvaziado. A legitimidade do Conselho de Segurança encolhe a cada vez que ele aplica duplos padrões ou se omite diante de atrocidades”, afirmou o presidente.

    Lula disse que a “pandemia, os conflitos na Europa e no Oriente Médio, a corrida armamentista e a mudança do clima escancaram as limitações das instâncias multilaterais”.

    Ele ainda apontou, antes de ter seu microfone cortado por estourar o limite de tempo, que o Sul Global “não está representado de forma condizente com seu atual peso político”.

    Dentre as reivindicações de Lula, a reforma do Conselho de Segurança é uma das mais antigas de sua agenda. Durante seus dois primeiros mandatos, o petista já defendia a reestruturação do órgão e buscava que o país ocupasse um dos assentos permanentes do Conselho.

    Desde a sua criação, o corpo é formado por dez países que rodam em suas cadeiras e cinco permanentes. São eles Estados Unidos, Rússia, China, Reino Unido e França.

    Os chamados P5 possuem poder de veto para as decisões de um dos poucos órgãos diplomáticos que podem tomar decisões de caráter mandatário na comunidade internacional.

    Agenda 2030 e “Pacto para o Futuro”

    Durante o discurso, Lula defendeu que os objetivos da Agenda 2030 foram o “maior empreendimento diplomático dos últimos anos”.

    Em 2015, os 193 países-membros das Nações Unidas estabeleceram uma agenda comum de 17 objetivos de desenvolvimento sustentável e 169 metas que devem ser atingidas até 2030.

    Porém, devido a inércia da comunidade internacional em promovê-los com firmeza, o presidente aponta que o acordo caminha para se tornar “o nosso maior fracasso coletivo”.

    “No ritmo atual de implementação, apenas 17% das metas da Agenda 2030 serão atingidas dentro do prazo.”

    A Cúpula do Futuro foi organizada com o objetivo de coordenar a ação global para lidar com esses desafios de governança. Os líderes da ONU adotaram, neste domingo (22), o Pacto para o Futuro com acordos sobre reformas necessárias para o sistema multilateral.

    “Nossa responsabilidade comum é abrir caminhos diante dos novos riscos e oportunidades. O Pacto para o Futuro nos aponta a direção a seguir. O documento trata de forma inédita temas importantes como a dívida de países em desenvolvimento e a tributação internacional. A criação de uma instância de diálogo entre Chefes de Estado e de Governo e líderes de instituições financeiras internacionais promete recolocar a ONU no centro do debate econômico mundial”, apontou Lula durante o discurso.

    “Todos esses avanços serão louváveis e significativos. Mas, ainda assim, nos faltam ambição e ousadia.”

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