Na Indonésia, mais de 60 pessoas morrem em hospital após falta de oxigênio
Aumento da demanda de oxigênio hospital acontece em meio ao avanço da variante Delta, considerada mais transmissível, no país
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Mais de 60 pessoas morreram em um hospital na Indonésia neste fim de semana depois que o suprimento de oxigênio que abastece o local quase acabou. A crise aconteceu enquanto o país luta contra uma onda severa de Covid-19 que as autoridades dizem ser causada pela variante Delta, considerada mais infecciosa.
A quarta nação mais populosa do mundo está enfrentando um dos piores surtos da Ásia, com um recorde de 27.913 novos casos registrados neste sábado (3). As ilhas de Bali e Java – que inclui a capital Jacarta – ficaram sob bloqueio de emergência neste sábado para conter a disseminação do vírus ressurgente.
Em um comunicado, o hospital Sardjito em Java disse que 63 pacientes morreram entre o sábado e este domingo (4), depois que o suprimento de oxigênio quase acabou. O hospital alega ter buscado mais oxigênio por dias antes do incidente, mas os pacientes com vírus que chegavam desde sexta-feira o empurraram além de sua capacidade, consumindo oxigênio mais rápido do que o esperado.
A crise diminuiu quando o hospital começou a receber novos suprimentos pouco antes do amanhecer deste domingo. Um porta-voz do hospital não confirmou se todos os mortos estavam com a Covid-19.
Em resposta, o governo pediu à indústria de gás que aumentasse a produção de oxigênio medicinal, disse uma autoridade do Ministério da Saúde Siti Nadia Tarmizi. “Também esperamos que as pessoas não estocem oxigênio”, acrescentou.
Separadamente, a pasta que supervisiona a resposta da Covid-19 na Indonésia ordenou que a indústria de gás priorize a produção para atender à demanda estimada de 800 toneladas de oxigênio por dia para atender às necessidades médicas.
A indústria tem capacidade ociosa de 225 mil toneladas por ano que ainda podem ser usadas, acrescentou o ministério.
Hospitais em Java estão sendo levados à beira do colapso com a propagação da variante Delta, altamente infecciosa, que foi identificada pela primeira vez na Índia, onde causou um aumento dramático nos casos e empurrou os recursos médicos à beira do colapso.
Em Jacarta, o governo disse que o número diário de funerais seguindo os protocolos da Covid-19 aumentou dez vezes desde o início de maio, com 392 enterros apenas neste sábado.
O país “viu um aumento dramático nos casos confirmados após os feriados festivos”, disse o ministro da Saúde da Indonésia, Budi Gunadi Sadikin, na última sexta-feira.
As autoridades não haviam percebido inicialmente a rapidez com que o vírus estava se espalhando nesta última onda, disse ele à CNN – acrescentando que a variante Delta estava por trás da situação em rápida deterioração.
“Esta variante atinge a todos – não apenas crianças, mas também adultos”, disse ele. “Se compararmos com a onda anterior, o número de casos confirmados aumentou significativamente mais rápido para adultos e crianças”.
O número de crianças infectadas e hospitalizadas é maior desta vez em comparação com a onda anterior da Indonésia, talvez devido ao maior número geral de infecções em todo o país, mas sua taxa de hospitalização ainda é menor do que para pacientes adultos, disse Budi Gunadi Sadikin.
Vacinação no país
Mais de 350 médicos e profissionais da área na Indonésia contraíram a doença, apesar de terem sido vacinados com a vacina do laboratório chinês Sinovac, disseram as autoridades em meados de junho, levando a preocupações sobre a eficácia das vacinas contra variantes mais infecciosas.
Embora o país tenha começado a implementação da vacinação em janeiro, o progresso foi lento entre o público, com apenas 5,14% da população totalmente vacinada até agora, de acordo com a Universidade Johns Hopkins. Em 28 de junho, o governo abriu a vacinação para crianças de 12 a 17 anos, com o presidente Joko Widodo pedindo que a expansão “comece imediatamente”.
O governo agora está construindo um hospital de campanha em um estádio em Jacarta, que forneceria 5 mil leitos adicionais, e está procurando recrutar enfermeiras e médicos recém-formados em todo o país para ajudar no tratamento de pacientes nas áreas mais atingidas.
A partir desta terça-feira (6), a Indonésia vai restringir a chegada de visitantes estrangeiros, permitindo a entrada apenas daqueles que estão totalmente vacinados e têm um teste de PCR negativo, embora as viagens diplomáticas sejam excluídas. Os visitantes ainda terão que passar oito dias em quarentena na chegada ao país.
(Esse texto é uma tradução. Para ler o original, em inglês, clique aqui)
*Com informações da Reuters